Os resultados mostraram que mais da metade das puérperas vivenciou algum tipo de trauma na infância, sendo o abuso emocional o mais comum, seguido por negligência emocional, abuso sexual e abuso físico. A exposição a esses traumas na infância foi associada ao desenvolvimento de depressão pós-parto em 37% das mulheres avaliadas.
O estudo destacou que o abuso emocional foi o tipo de trauma que mais aumentou as chances de desenvolvimento da depressão pós-parto. Além disso, a negligência emocional, abuso físico, negligência física e abuso sexual também foram associados ao aumento do risco dessa condição.
Segundo Elton Brás, professor da Faculdade de Enfermagem da UniRV, o estudo é um dos primeiros a analisar essa associação em contexto brasileiro, ressaltando que o período de coleta de dados coincidiu com a pandemia de Covid-19, o que pode ter influenciado os resultados devido aos piores índices de saúde mental durante esse período.
Edilaine Gherardi-Donato, professora da Escola de Enfermagem da USP, explicou que as mulheres expostas a traumas na infância sofrem impactos psicológicos e fisiológicos, aumentando a predisposição para a depressão pós-parto. A gestação, por si só, já é um evento de vida estressante e a presença de traumas na infância pode intensificar essa experiência.
Os pesquisadores ressaltam a importância de os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros obstétricos, estarem atentos aos fatores de risco de depressão pós-parto em mulheres que foram expostas a traumas na infância. Essa abordagem mais holística pode contribuir para a prevenção e o tratamento eficaz dessa condição, melhorando a saúde mental das mulheres e sua relação com seus filhos.