Essa falha ocorre devido ao algoritmo de identificação, que se baseia em medidas faciais como distância entre os olhos e pode confundir o gênero da pessoa. Durante tratamentos hormonais, como na transição de gênero masculina, as chances de erro aumentam, pois o rosto pode passar por mudanças significativas.
Um exemplo disso é o estudante Ariel Viktor Freitas, de 23 anos, que enfrentou dificuldades para acessar sua conta no Nubank após passar por um ano e meio de tratamento hormonal. Mesmo após tentativas de solução no chat do aplicativo e orientações da central telefônica, foi somente ao enviar uma foto com a identidade que conseguiu acesso.
Diante desse cenário, o projeto “Eu Existo” busca conscientizar e sensibilizar empresas sobre as barreiras que o reconhecimento facial impõe à população transgênero no Brasil, com a intenção de criar soluções e alternativas para essas pessoas. Tecnologias de análise facial já mostraram falhas significativas na identificação de gêneros não binários, o que evidencia a necessidade de ajustes e aprimoramentos nessas ferramentas.
Ações como a criação de uma API especializada em reconhecer pessoas trans e a coleta de imagens para treinar modelos de inteligência artificial são passos importantes nesse processo. Além disso, a pressão sobre as empresas para adotarem práticas inclusivas e a possível regulamentação do uso de reconhecimento facial no Brasil podem ser caminhos para garantir a igualdade de acesso a serviços para todos, independentemente de sua identidade de gênero.