Paleontólogo amador revela: ‘Existem seis indivíduos necessários para suportar cada vértebra’ do incrível ‘animal mais pesado de todos os tempos’.

Há 16 anos, Mario Urbina embarcou em uma aventura no deserto de Ocucaje, no sul do Peru, que mudaria sua vida para sempre. Enquanto viajava em uma caminhonete com um amigo, ele avistou uma colina rochosa que despertou sua curiosidade. Pediu ao motorista que se aproximasse do local, mas foi negado. Determinado, Urbina pediu para ser deixado no local e seguir sozinho. O motorista relutantemente concordou e então Urbina caminhou até a colina.

Ao chegar lá, deparou-se com uma pedra rosada que se revelou ser uma vértebra do famoso Perucetus colossus, uma espécie de cetáceo que viveu há cerca de 39 milhões de anos. Com uma massa corporal estimada em 200 toneladas, esse animal pode ter sido o mais pesado de todos os tempos, superando até mesmo a baleia-azul. Nos últimos anos, Urbina, junto com uma equipe do Departamento de Paleontologia de Vertebrados do Museu de História Natural da Universidade Nacional Maior de São Marcos de Lima, desenterraram 13 vértebras, quatro costelas e um osso da pélvis do basilossauro.

O fato de Urbina ter feito essa descoberta sem nunca ter estudado paleontologia é impressionante. Inicialmente, ele era apenas um apaixonado por fósseis nos anos 1980, mas sua descoberta do Perucetus colossus o lançou no mundo da paleontologia de forma amadora. E sua descoberta se tornou conhecida mundialmente em agosto deste ano, quando um artigo sobre o cetáceo peruano pré-histórico foi publicado na renomada revista Nature.

Em uma entrevista, Urbina fala sobre a importância dessa descoberta e as dificuldades enfrentadas ao longo do processo. Ele descreve a vértebra como algo extraordinariamente grande para a época, e sua cor típica dos ossos daquela época também chamou sua atenção. No entanto, o osso parecia uma rocha, parecendo mármore, e isso fez com que muitas pessoas duvidassem de sua autenticidade.

Urbina passou quatro anos tentando convencer a comunidade científica de que realmente havia feito uma grande descoberta, e já se passaram seis anos desde que começou as escavações. Ele menciona que a descoberta trouxe tanto fama quanto desgraça, já que ele perdeu muito dinheiro no processo. Ele afirma ter comido apenas bananas fritas nos últimos quatro meses devido a problemas financeiros.

Apesar das dificuldades, Urbina se orgulha de sua descoberta e do impacto que teve não apenas na comunidade científica, mas também no povo peruano. Ele descreve o Perucetus colossus como uma representação do Peru, único, grande, misterioso e controverso. A fama trouxe muitas visitas de crianças e ele se sente honrado em compartilhar sua descoberta com elas.

No entanto, há muitos mistérios que ainda precisam ser desvendados sobre esse animal pré-histórico. Urbina menciona que gostaria de encontrar a cabeça e os dentes do Perucetus para determinar sua dieta e confirmar o tamanho real do animal. Ele reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito, mas por enquanto, seu objetivo imediato é recuperar sua saúde e descansar antes de retornar ao deserto para continuar sua pesquisa.

Em relação ao financiamento de suas escavações, Urbina é conhecido por rejeitar dinheiro do Estado e procurar financiamento privado. Ele acredita que seu trabalho é arriscado e não quer usar dinheiro público para jogar no cassino. No entanto, ele reconhece que sua descoberta trouxe grande visibilidade para o Peru, colocando-o como um embaixador do país.

Por fim, Urbina revela que sua descoberta do Perucetus colossus mudou sua vida de várias maneiras, tanto positivas quanto negativas. Ele enfrentou desafios financeiros, físicos e emocionais, mas considera que tudo valeu a pena ao ver o impacto que sua descoberta teve na comunidade científica e no público em geral. Mesmo com todas as dificuldades, ele continua apaixonado por fósseis e ansioso por novas descobertas no deserto de Ocucaje.

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