Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o homicídio ocorreu a apenas 300 metros da residência de Hariel, onde ele vivia com sua mãe e padrasto, que é líder na aldeia Kakupli. A família já havia sido alvo de violência no passado, com tiros sendo disparados contra a casa no início deste mês, em um contexto de tensão e conflitos na região.
O momento do crime coincidiu com o retorno de parte dos indígenas da aldeia de Brasília, onde participaram do Acampamento Terra Livre (ATL) na semana anterior. A Terra Indígena Ibirama La Klaño, lar das etnias Kaingang, Guarani e Xokleng, tem sido palco de disputas territoriais, inclusive com um histórico recente de análises pelo Supremo Tribunal Federal sobre demarcações de terras indígenas.
Em meio a esse cenário de violência e tensões, a aprovação do marco temporal pelo Congresso Nacional foi apontada pelo Cimi como um dos fatores que intensificaram os episódios de conflito na região. A decisão do ministro Gilmar Mendes de promover conciliação nas ações relacionadas à validade do marco também foi mencionada pela entidade como motivo de preocupação.
A tese do marco temporal, que restringe os direitos territoriais dos indígenas, tem gerado controvérsias e debates acalorados no cenário político e judicial do país. Enquanto o Congresso derrubou o veto presidencial e validou a lei que sustenta essa tese, o Supremo Tribunal Federal se posicionou contrariamente à mesma, o que gerou ainda mais incertezas e conflitos em relação às demarcações de terras indígenas.
A morte de Hariel Paliano representa mais um trágico capítulo da história de violência e injustiça enfrentada pelas comunidades indígenas no Brasil, e reforça a urgência de medidas eficazes para garantir a segurança e os direitos desses povos. A investigação da Polícia Federal sobre o caso é aguardada com expectativa pela comunidade e pela sociedade em geral, em busca de justiça e paz.