Bonaventure Ndikung será curador da 36ª Bienal de São Paulo em 2025, representando a multiplicidade do mundo e urgências atuais.

O renomado curador Bonaventure Soh Bejeng Ndikung foi anunciado como o responsável pela curadoria geral da 36ª Bienal de São Paulo, que tem previsão de ocorrer no segundo semestre de 2025. Ndikung, diretor do Haus der Kulturen der Welt em Berlim e referência para a arte contemporânea não europeia, traz consigo uma vasta experiência e uma visão multirracial e diversificada para a próxima edição do evento.

Em uma entrevista por videochamada, Ndikung enfatizou a importância de representar a multiplicidade do mundo e abordar as urgências da sociedade atual. Em sintonia com a edição anterior, que primou pela presença de artistas não brancos que buscavam refletir sobre um futuro mais promissor, Ndikung pretende dar continuidade a essas discussões e expandir as narrativas artísticas para além dos discursos momentâneos.

O caminho até chegar à curadoria de uma das bienais mais importantes do mundo foi incomum para Ndikung, nascido em Camarões e com formação inicial em biotecnologia. Sua fascinação pela interseção entre ciência e arte moldou sua trajetória, levando-o a explorar temas como física quântica e a transformação da realidade por meio da luz. Essas influências se refletem em suas escolhas curatoriais e na forma como enxerga a arte como um meio de representar nuances e metamorfoses da vida.

A relação de Ndikung com o Brasil é antiga e tem raízes no seu interesse pelo quilombismo, conceito criado por Abdias do Nascimento que representa um refúgio democrático e emancipatório. Essa conexão com o país se intensificou com a primeira exposição realizada sob sua direção no Haus der Kulturen der Welt, que abordou o quilombismo como tema central.

O anúncio da nomeação de Ndikung como curador da próxima Bienal de São Paulo ocorre em meio às expectativas da abertura da Bienal de Veneza, outro marco no circuito das artes visuais. Enquanto a Bienal de Veneza se prepara para destacar artistas estrangeiros e “outsiders”, Ndikung ressalta a importância de valorizar as práticas artísticas de diferentes partes do mundo, sem categorizações predeterminadas.

O curador expressa seu desejo de que a arte vá além das tendências decoloniais e seja capaz de retratar realidades impactantes de forma inovadora e sofisticada. A arte, segundo Ndikung, deve ser capaz de capturar a essência do mundo em poucas palavras, assim como a poesia. Com isso, a próxima edição da Bienal de São Paulo promete ser um marco na representação da diversidade e na busca por discursos artísticos empáticos e relevantes para a sociedade contemporânea.

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