O programa conta com a participação de 1.891 policiais militares, porém, possui um total de 2.400 vagas disponíveis. A gestão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, dobrou o número de postos em março deste ano, na esperança de atrair mais policiais, mas as adesões até o momento têm sido voluntárias.
Como forma de estimular o ingresso ao programa, tanto a prefeitura quanto o governo estadual estão estudando a possibilidade de aumentar o pagamento aos policiais militares. Atualmente, os praças recebem uma diária de R$ 274 e os oficiais de R$ 328,90. A proposta de reajuste salarial ainda não foi divulgada, mas espera-se que os projetos sejam encaminhados à Câmara Municipal e à Assembleia Legislativa nesta semana.
A operação da atividade delegada custa mensalmente R$ 19,7 milhões aos cofres públicos municipais. No entanto, especialistas em segurança pública apontam alguns limites para a adesão ao programa. O gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, destaca que a falta de descanso, a competição com empregos informais e a degradação do centro da cidade são fatores que contribuem para a baixa adesão policial.
Segundo Langeani, a deterioração do cenário do centro da cidade também afeta as condições de trabalho dos policiais. Além disso, a possibilidade de atuar em mais ocorrências e o fato de ser uma atividade realizada prioritariamente a pé também são considerados obstáculos para a adesão.
O aumento no número de casos de roubo na região da Sé e Campos Elíseos é outro fator que aponta para a necessidade de reforçar a operação da atividade delegada. No entanto, trabalhar nessas regiões é considerado arriscado pelos policiais, devido aos desafios enfrentados, como ocorrências complicadas e o uso da força.
O professor Alan Fernandes, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que os policiais que atuam na região relatam condições precárias de trabalho, devido ao fechamento de comércios e restaurantes, o que dificulta o acesso a banheiros e alimentação durante o turno de trabalho. Além disso, a falta de apoio da prefeitura também é mencionada, principalmente no combate ao comércio ambulante.
Diante desse cenário, o governo estadual está considerando a possibilidade de pagar policiais militares da reserva para realizarem atividades administrativas nos batalhões, liberando assim agentes da ativa para reforçarem a operação da atividade delegada nas ruas. No entanto, a Polícia Militar não se pronunciou sobre o motivo da falta de interesse em preencher as vagas disponíveis no programa.
A prefeitura também destacou que, além da falta de interesse por parte dos policiais, o cumprimento de outras escalas e a falta de estrutura adequada nas áreas de interesse acabam desestimulando a adesão. A administração municipal afirma que está trabalhando em projetos experimentais para promover melhorias nos territórios atendidos pela atividade delegada.
Em resumo, o programa de atividade delegada da prefeitura de São Paulo enfrenta dificuldades em preencher todas as vagas disponíveis. A falta de interesse por parte dos policiais, as condições precárias de trabalho e a falta de estrutura adequada são alguns dos principais obstáculos apontados por especialistas em segurança pública. Diante dessa situação, tanto a prefeitura quanto o governo estadual estão estudando maneiras de estimular a adesão ao programa, incluindo o aumento do pagamento aos policiais.