Os desastres recentes têm reforçado as desigualdades sociais, deixando claro que a crise climática impacta a todos, porém de maneira diferenciada. O desafio que se apresenta é: como sobreviver ao fim do mundo?
É fundamental a construção de políticas de adaptação climática nas cidades. A adaptação consiste em ajustar-se aos efeitos da mudança global do clima, preparando-se para as consequências que já estão sendo vivenciadas. Quando chove nas periferias, casas são inundadas, pessoas ficam desabrigadas e ilhadas, perdendo tudo o que possuem. E o pior é que não há mais como voltar atrás.
O relatório do IPCC de 2007 alerta que, mesmo com a estabilização dos gases de efeito estufa na atmosfera, os impactos continuarão afetando o planeta. Portanto, é essencial nos prepararmos para enfrentar os desafios climáticos que estão cada vez mais presentes.
Enquanto as discussões internacionais em eventos como a COP buscam ações de mitigação para diminuir a emissão de carbono, a adaptação costuma ficar em segundo plano. No entanto, é necessário direcionar políticas públicas específicas para as regiões mais vulneráveis, como as periferias brasileiras.
Nesse sentido, a Rede por Adaptação Antirracista se destaca por sua atuação junto a mais de 70 organizações do movimento negro, entidades socioambientais e de direitos humanos. Buscamos uma política de adaptação às mudanças climáticas que proteja a vida das populações negra, indígena, periférica e quilombola.
Recentemente estivemos em Brasília em uma agenda política com o governo federal, discutindo a criação e implementação do Plano Clima e Adaptação, que estabelecerá diretrizes de adaptação para diferentes setores governamentais. Junto ao Greenpeace Brasil, entregamos um abaixo-assinado com mais de 16 mil assinaturas pedindo ações imediatas para proteger os territórios de possíveis desastres.
A crise climática é também uma crise humanitária, e a necessidade de agir de forma urgente e eficaz nunca foi tão evidente. A adaptação climática antirracista nas cidades é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar das populações mais vulneráveis. É preciso agir agora, antes que seja tarde demais.