Governo Lula cancela pedidos públicos de desculpas pelos 60 anos do golpe militar para evitar confrontos com militares.

O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), estava planejando realizar pedidos públicos de desculpas às vítimas da ditadura militar como parte das comemorações dos 60 anos do golpe militar. No entanto, essas ações simbólicas foram vetadas pelo próprio Lula, com o intuito de evitar possíveis confrontos com os militares, especialmente diante das investigações em andamento sobre uma possível articulação golpista envolvendo o atual presidente Jair Bolsonaro e membros das Forças Armadas.

O Ministério de Direitos Humanos vinha planejando uma série de ações interministeriais para marcar a data, incluindo o lançamento de uma campanha com o slogan “60 anos do golpe 1964-2024 – sem memória não há futuro”. Documentos obtidos pela Folha revelaram os detalhes dos planos elaborados pela pasta, que incluíam a realização de pedidos públicos de desculpas como forma de reparação pelas violações de direitos cometidas durante os 20 anos de regime militar.

As ações propostas pelo Ministério visavam estimular uma reflexão sobre o passado do país e evitar a repetição de episódios de violência e autoritarismo. Para isso, era fundamental reconhecer os danos causados durante a ditadura e promover medidas reparatórias, como os pedidos de desculpas públicas. No entanto, diante da decisão de Lula de cancelar os atos para evitar atritos com os militares, a pasta preferiu não se manifestar sobre o assunto.

A questão da memória histórica e das ações de reparação ganhou destaque durante o governo de Dilma Rousseff, também do PT, quando a Comissão da Anistia passou a realizar pedidos simbólicos de desculpas em nome do Estado a pessoas que foram vítimas de perseguição política durante a ditadura. A discussão sobre a importância dessas ações ainda divide opiniões entre os aliados de Lula, como foi evidenciado durante um evento comemorativo do aniversário do ex-ministro José Dirceu.

O presidente Lula optou por não celebrar a data do golpe militar de 1964, enfatizando sua vontade de não “remoer o passado”, o que gerou críticas de entidades de direitos humanos e da sociedade civil. A Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia classificou a postura de Lula como “equivocada” e destacou a importância de discutir o legado da ditadura para construir um futuro mais democrático e justo.

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