Brasil ocupa 52º lugar no ranking do PISA de leitura e neurocientista alerta sobre crise do hábito de leitura

No âmbito educacional, o Brasil enfrenta um grande desafio em relação à leitura. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o país ocupa apenas a 52ª colocação no quesito leitura, dentre os 81 países avaliados. Os alunos brasileiros atingiram a pontuação de 410, bem abaixo da média dos países da OCDE, que ficou entre 472 e 480. Esses dados alarmantes refletem a histórica relação ruim do brasileiro com os livros.

De acordo com a última pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Pró-Livro, Itaú Cultural e Ibope Inteligência, o país teve uma queda de 4,6 milhões de leitores em apenas quatro anos. Apenas 31% dos entrevistados declararam ter lido um livro inteiro nos últimos três meses. Essa realidade preocupa especialistas e educadores, que buscam formas de reverter esse cenário preocupante.

O neurocientista francês Michel Desmurget é enfático ao enfatizar a importância da leitura na formação das crianças, ressaltando que a leitura é uma herança que os pais passam para os filhos. Ele destaca a necessidade de promover a leitura, enfatizando que as crianças têm mais probabilidade de se tornar ávidas leitoras se forem incentivadas desde cedo. Além disso, ele destaca a importância de demonstrar que a leitura é um prazer, mais do que uma obrigação.

Outro ponto destacado por Desmurget é a necessidade de limitar o tempo de tela das crianças, ressaltando que mesmo que uma criança goste de ler, ela não vai ler se seu tempo for consumido por videogames, séries e desenhos animados. Em relação a isso, ele alerta para o erro comum de negociar o tempo de tela como pagamento após um determinado momento de leitura, o que poderia fazer com que a leitura pareça uma tarefa e as telas, o paraíso.

A pesquisa Panorama do Consumo de Livros, divulgada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), revelou que 84% dos brasileiros maiores de 18 anos não compraram nenhum livro nos últimos 12 meses, enquanto mais de 50% dos entrevistados declarou que sua principal atividade de lazer são as redes sociais. Este cenário reforça a importância de incutir nos jovens o amor pela leitura, não somente como uma atividade acadêmica, mas como uma prática enriquecedora em todos os aspectos da vida.

A leitura não é apenas aquilo que podemos obter a partir de um livro, de acordo com o psicólogo Leo Fraiman. Ele ressalta a importância de estimular a absorção de cultura fora das telas, sugerindo que os pais frequentem teatros, observem outdoors e grafites com seus filhos, despertando o desejo pelo conhecimento. O poder da imaginação, segundo os especialistas, é um dos principais argumentos para buscar alternativas à predominância do multimídia digital.

Em última análise, a leitura não só melhora o funcionamento intelectual, mas também estimula significativamente a inteligência emocional e social, permitindo aos leitores desenvolver empatia e compreensão dos outros e de si mesmos. Diante disso, a promoção do hábito da leitura se mostra como um investimento modesto com benefícios inestimáveis.

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