Um morador local, Wagner de Oliveira, foi um dos afetados pela tragédia, tendo perdido seu filho de oito meses devido aos deslizamentos de terra. Ele relatou como sua casa balançou e foi rapidamente engolida pela água e pela lama, causando uma devastação sem precedentes.
A editora Aletria lançou o livro “Sebastião” no ano passado, que aborda a tragédia sob a perspectiva da literatura infantil, contada através dos olhos de uma criança. O livro procura jogar luz sobre as raízes do problema, mostrando que a tragédia em São Sebastião não foi apenas uma catástrofe ambiental, mas também um desastre social.
A narrativa do livro se desenrola em um abrigo para vítimas do desastre, onde um menino narra a história de sua família, incluindo o avô, o pai, a mãe, os irmãos e o cachorro Biró. O retrato que emerge é o de uma família empurrada para encostas de morros devido a questões econômicas, acabando em zonas de risco que, anos depois, foram afetadas pelas chuvas.
Apesar de escorregar em alguns momentos com um didatismo excessivo, o livro consegue preservar um tom poético e evita leituras superficiais, comunicando de maneira comovente a tragédia vivida por aquela comunidade. A metáfora utilizada pelo menino narrador, comparando a sua vida com a dos caramujos do mar, é emocionante e serve como um alerta para a preservação da memória e a prevenção de tragédias semelhantes no futuro.
A obra reacende a discussão sobre a importância da literatura e da arte na preservação da memória coletiva e na conscientização sobre as questões sociais e ambientais. Além disso, também lança um alerta sobre a necessidade de medidas eficazes para evitar que tragédias como a de São Sebastião voltem a acontecer.