Segundo o estudo, houve um aumento notável na diversidade de espécies vegetais cultivadas, assim como no período produtivo das culturas. Isso demonstra que as técnicas de manejo estão voltadas para a redução do impacto ambiental, com a diminuição do uso de maquinário pesado após a adoção dos SAFs. Ao longo de 36 meses, foram realizadas 150 capacitações para os agricultores, abrangendo temas relacionados ao manejo dos sistemas agroflorestais e à comercialização, além de 14 campanhas de coleta de dados de monitoramento em campo.
O objetivo geral do projeto “Monitoramento de Sistemas Agroflorestais no Estado de São Paulo para proteção e conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade”, financiado pelo Fundo Estadual dos Recursos Hídricos (FEHIDRO), é monitorar os impactos dessa prática agrícola e ambiental sobre os recursos hídricos e a biodiversidade, além de avaliar os custos e receitas decorrentes da implantação desses sistemas.
O relatório destaca um aumento expressivo no número de espécies vegetais e indivíduos arbóreos cultivados, bem como no desenvolvimento de diferentes estratos de vegetação depois da adoção dos SAFs. Em relação à fauna silvestre, a percepção dos produtores rurais revelou não apenas um aumento na frequência de registros dos animais nas áreas produtivas, mas também uma maior diversidade de espécies, destacando a importância da educação no que se refere à aceitação e importância da fauna. Os produtores rurais entrevistados reagiram positivamente à presença de animais silvestres nas áreas produtivas, contribuindo para a promoção de uma coexistência harmoniosa.
Os aprendizados práticos sobre os SAFs facilitaram a aplicação desse sistema no terreno do produtor rural José Marques Sobrinho, do assentamento Antônio Conselheiro, em Guarantã. Ele afirma que ter um projeto como esse ajudou a entender e aplicar melhor pautas como conservação de fauna, uso sustentável da água e outros temas que afetam diretamente o desenvolvimento das plantações.
A abordagem agroflorestal considera processos ecológicos naturais, resultando em maior biodiversidade em comparação com situações anteriores. Esse sistema não se limita ao manejo de espécies com fins econômicos ou de consumo, mas abrange todos os componentes essenciais para a manutenção dos solos, microrganismos e fauna em geral, garantindo o equilíbrio dos ecossistemas.
Além disso, o relatório observa impactos positivos na fertilidade do solo e na cobertura vegetal viva e morta nos cultivos. A implementação dos SAFs contribuiu para reduzir o uso de adubos químicos e agrotóxicos, trazendo benefícios para a preservação ambiental e para a saúde pública. Também foi constatado um aumento na participação dos jovens na atividade produtiva com a implantação dos sistemas agroflorestais.
Os SAFs são considerados sistemas de uso da terra e de tecnologias, nos quais plantas de ciclo longo e/ou animais são utilizados na mesma unidade de manejo de culturas agrícolas. Essa prática é extremamente importante para a conservação da biodiversidade, proporcionando habitats para animais, formação de corredores ecológicos e fornecimento de serviços ecossistêmicos. Além disso, os SAFs oferecem alimentos para muitas espécies, como aves e morcegos, que se alimentam de frutas, néctar, pólen, casca e folhas das árvores. A serapilheira, material vegetal em decomposição sobre o solo, também oferece condições favoráveis para o desenvolvimento da fauna edáfica.
O relatório completo pode ser acessado através do link disponibilizado.
