Criado em 2001, em Porto Alegre, o FSM tem como objetivo ser um contraponto ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que reúne empresários e governantes dos países mais ricos do mundo. No entanto, Carlos Tibúrcio, cofundador do FSM e membro do seu Conselho Internacional, acredita que o evento perdeu relevância política na última década, devido às crises econômicas, mudanças climáticas e ascensão de governos de extrema-direita e perfil neofascista.
Diante desse contexto, o FSM enfrenta debates internos para reposicionar sua atuação internacional. Para isso, a Assembleia Social Mundial de Lutas e Resistências do FSM foi estabelecida, com a proposta de ter uma atuação constante, emitindo posicionamentos e atuando na promoção das pautas da sociedade civil internacional. O novo mecanismo de ação política tem como foco os temas de paz e justiça social.
O contexto mundial destaca a necessidade de uma maior capacidade de incidência da sociedade civil. A expectativa é que a Assembleia traga uma nova dinâmica ao FSM, que continuará sendo um espaço de encontro e articulação de movimentos sociais. O legado do FSM ao longo de seus 23 anos de existência inclui a contraposição internacional ao neoliberalismo, com destaque para a derrota do projeto de criação da área de livre comércio nas Américas, a Alca, e a oposição contra a invasão e guerra no Iraque.
A escolha do Nepal como sede do evento não é aleatória. O país, governado pelo ex-líder guerrilheiro maoista Pushpa Kamal Dahal, conhecido como Prachanda, passou por mudanças geopolíticas significativas. A sociedade civil do Nepal, preocupada com o impacto das mudanças climáticas e as desigualdades sociais, espera que o evento possa trazer destaque para esses temas.
Mais de 80% das mil organizações presentes no FSM do Nepal são originárias de países asiáticos. São esperados representantes de movimentos sociais de mais de 100 países, indicando a relevância do evento mesmo diante das mudanças e desafios enfrentados ao longo dos anos.