O planejamento da bomba colocada em um caminhão de combustível, com o intuito de explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal, já era resultado de uma mobilização que vinha se intensificando ao longo do tempo. Dezenas de acampamentos montados em frente a instalações militares em várias cidades brasileiras serviram como base para a mobilização golpista que culminou no episódio do dia 8 de janeiro.
A investigação da Polícia Federal tem revelado que esses acampamentos desempenharam um papel fundamental na articulação do golpe e no abastecimento da mobilização que culminou nos eventos do início de janeiro.
Além desses acontecimentos, é importante destacar que, após o segundo turno das eleições, os comandantes das Forças Armadas endossaram os movimentos golpistas que acampavam em torno de quartéis e trancavam rodovias. Em nota pública, defenderam que tais atos eram legítimos, legitimando, de certa forma, a tentativa de golpe que ocorreu posteriormente.
Jair Bolsonaro, por sua vez, atacou as urnas eletrônicas com o apoio dos militares, lançando suspeitas sobre a lisura do processo eleitoral. Durante seu governo, o presidente estabeleceu uma estreita relação com os militares, oferecendo cargos, vantagens na Reforma da Previdência e outros benefícios.
Os militares também foram beneficiados com regalias, como o acesso a produtos de luxo, vantagens previdenciárias e participação em negociações ilícitas para a compra de vacinas contra a Covid-19. Essas práticas revelam um nível de corrupção e abuso de poder por parte do governo e dos militares que desperta preocupações sobre a integridade institucional do país.