Sargento alega justificativa para quantia em sua conta enquanto Eliziane questiona transações suspeitas no Senado.

No depoimento prestado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de Janeiro, o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis afirmou que as movimentações financeiras suspeitas identificadas nos relatórios de inteligência financeira (RIFs) são decorrentes de um consórcio entre militares, que ele mesmo gerenciava. Durante o interrogatório, ele admitiu que algumas transações seriam resultado da venda de um carro para o tenente-coronel Mauro Cid, enquanto outras teriam origem em benefícios como férias, licenças e pecúnia no âmbito do Exército.

No entanto, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, ressaltou que tanto as informações presentes nos RIFs quanto o depoimento do sargento reforçam a existência de diversas transações financeiras atípicas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Eliziane, apenas em relação a Luis Marcos dos Reis, os relatórios indicam que aproximadamente R$ 3 milhões teriam sido movimentados entre fevereiro de 2022 a janeiro de 2023, o que seria incompatível com sua remuneração mensal de cerca de R$ 10 mil a R$ 13 mil.

A relatora destacou a importância de investigar a origem dessas movimentações financeiras para identificar possíveis conexões com financiadores dos atos ocorridos em 8 de Janeiro. Ela mencionou repasses feitos pela empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção para a conta do sargento, apontando que a empresa tem como sócio Vanderlei Cardoso de Barros, ex-auxiliar da presidência no Palácio da Alvorada. A Cedro do Líbano também tinha contratos com o governo federal, incluindo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).

Eliziane ressaltou que a Cedro do Líbano é uma empresa investigada devido às suas movimentações financeiras de mais de R$ 32 milhões entre 2020 e 2023. Segundo relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a empresa possui um capital de apenas R$ 15 mil, o que torna as movimentações suspeitas. Além disso, a empresa teria transferido cerca de R$ 74.280 para o sargento Dos Reis.

Durante o depoimento, o sargento afirmou não ter conhecimento de que a Cedro do Líbano pertencia a Vanderlei Cardoso de Barros e se recusou a responder mais perguntas sobre o assunto por envolver um inquérito em andamento na Polícia Federal. Ele também negou ter feito pagamentos para a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.

É importante ressaltar que o sargento Luis Marcos dos Reis foi preso em maio deste ano, durante as investigações de um esquema de falsificação de cartões de vacinação do ex-presidente e de seus familiares. A CPMI continua interrogando o depoente a fim de esclarecer todos os fatos relacionados às movimentações financeiras em questão.

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