De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), a agricultura brasileira depende fortemente de fertilizantes importados, sendo que 87% do total de fertilizantes utilizados no país são importados. Essa informação coloca o Brasil como o maior importador de fertilizantes do mundo, consumindo cerca de 18% das importações mundiais, de acordo com a FAO. Em comparação, os Estados Unidos consomem 13% e a China, 5%.
Além disso, o Brasil também lidera as importações de agrotóxicos, com um total de 283 mil toneladas importadas somente no ano de 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Esses dados preocupantes geram riscos à saúde da população. Devido ao crescente uso de agrotóxicos, no Brasil, uma pessoa morre a cada dois dias por intoxicação causada por esses produtos. Surpreendentemente, uma em cada cinco vítimas são crianças ou adolescentes com menos de 19 anos. Essas informações foram divulgadas em relatório publicado em 2022 pela rede ambientalista europeia Friends of the Earth Europe.
A professora Larissa Bombardi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), alerta para a influência das empresas agroquímicas europeias, como Bayer e Basf, no aumento do uso de agrotóxicos no Brasil, ignorando os malefícios causados por esses produtos à população.
Bombardi ainda ressalta que, dos 10 agrotóxicos mais vendidos no Brasil, cinco são proibidos na União Europeia. Ela também aponta que, enquanto a área plantada no país aumentou 29% entre 2010 e 2019, o uso de agrotóxicos cresceu 78%, segundo dados divulgados em uma palestra realizada em Curitiba no ano passado.
Por fim, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) tem participado ativamente da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, buscando parcerias com a sociedade civil organizada e movimentos sociais para alertar sobre os perigos dos agrotóxicos e buscar formas de aumentar o controle e reduzir seu uso. A entidade reforça a preocupação em relação aos impactos dos agrotóxicos na saúde da população e no meio ambiente, buscando alternativas mais sustentáveis para o campo.