Segundo as organizações, as câmeras corporais contribuíram para preservar ao menos 104 vidas em um ano, inibem a corrupção, evitam que abordagens simples se tornem perigosas, diminuem os casos de agressão contra os agentes do Estado e as mortes desses agentes em serviço. As entidades que assinaram o comunicado foram a Conectas Direitos Humanos, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto Sou da Paz, o Instituto Igarapé, a JUSTA e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).
Os cortes realizados pelo governo de São Paulo afetaram diretamente o orçamento do programa de câmeras corporais. Um total de R$ 37,3 milhões foram retirados do investimento inicial esperado de R$ 152 milhões. Foram editados quatro decretos reduzindo os valores gastos nas câmeras. O último deles, de 9 de dezembro, realocou cerca de R$ 2,5 milhões para outras despesas, como o atendimento em saúde dos policiais militares.
O valor empenhado para a disponibilização dos equipamentos de monitoramento acabou sendo significativamente menor, totalizando cerca de R$ 95,2 milhões. A previsão atual é que não seja gasto mais nenhum real além disso no programa de câmeras, o que representa uma redução de 37% em relação ao valor inicialmente estipulado.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo alega que planeja ampliar os investimentos em tecnologia e monitoramento em 2024, integrando soluções para garantir maior proteção ao cidadão. No entanto, sem fornecer números ou detalhes concretos. A pasta afirma que o programa de câmeras corporais se mantém, com contratos de manutenção ativos previstos no orçamento deste ano.
Além disso, em 2023, as mortes causadas por policiais militares em serviço aumentaram. Até o dia 18 de dezembro, os agentes da PM mataram 330 pessoas em todo o estado, número que supera os 262 casos registrados em 2022, de acordo com o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo. A comunidade teme que esse corte orçamentário tenha sido um dos fatores que contribuíram para esse aumento.