Subprocurador do MP junto ao TCU solicita investigação de falhas no sistema penitenciário brasileiro após revelação de 17 mil mortes em 10 anos.

Na última sexta-feira (29), o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), entrou com uma representação para que a corte apure possíveis falhas na condução de políticas públicas no sistema penitenciário brasileiro, sob responsabilidade da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), do Ministério da Justiça.

Baseado em uma reportagem publicada neste mês na Folha, que revelou que o Brasil registrou 17 mil mortes em presídios nos últimos dez anos, Furtado pediu a apuração das condições precárias e das causas evitáveis desses óbitos. Segundo o subprocurador, a destinação de recursos em valores vultosos ao Fundo Penitenciário Nacional não tem se mostrado efetiva na condução das políticas públicas.

Furtado ressaltou a relevância da atuação do TCU no exercício de suas atribuições constitucionais e legais para fiscalizar a efetividade das políticas públicas sob responsabilidade da Senappen e demais órgãos beneficiados com recursos do fundo. O número de mortes registradas de 2013 a junho de 2023 foi obtido pela Folha após 75 pedidos de LAI (Lei de Acesso à Informação) aos estados e junto ao Sisdepen, ferramenta de coleta de dados do sistema penitenciário brasileiro.

De acordo com a reportagem, uma fatia desses dados, relativa aos anos de 2018 a 2022, foi analisada pela Vital Strategies, uma organização global composta por especialistas e pesquisadores que atuam junto a governos. Segundo essa análise, 95% dessas mortes ocorreram por causas evitáveis, evidenciando a urgência de uma investigação detalhada sobre as condições do sistema penitenciário brasileiro.

A representação feita por Furtado ressalta a necessidade de um olhar mais atento e criterioso sobre a destinação e efetividade dos recursos destinados ao sistema penitenciário, afetando diretamente a vida e a segurança dos indivíduos que estão sob a responsabilidade do Estado. Espera-se que o TCU possa realizar uma análise minuciosa da situação e contribuir para a criação de políticas públicas mais efetivas e seguras para a população carcerária brasileira.

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