Especialistas em direito constitucional como Maria Renée Soruco, da Universidade Católica de San Pablo, argumentam que a reeleição de Morales viola a constituição do país. Segundo Soruco, a controvérsia não se trata exclusivamente de Evo Morales, mas sim de defender o Estado de direito. A decisão do Tribunal Constitucional baseia-se em uma revisão dos critérios da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que anteriormente excluía a reeleição como um direito humano.
Em 2021, a Corte Interamericana emitiu um parecer consultivo, a pedido do governo colombiano, sobre a reeleição por tempo indeterminado, ampliando o debate sobre a questão. Evo Morales foi presidente da Bolívia por três mandatos consecutivos, sendo reeleito em 2009 e 2014. No entanto, em 2019, ele renunciou à presidência em meio a agitação social e acusações de fraude eleitoral.
Sua renúncia abriu espaço para Jeanine Añez assumir a presidência do país, em meio a um cenário de instabilidade e controvérsia. A situação da ex-presidente atualmente é delicada, pois enfrenta acusações e julgamentos por um suposto envolvimento em um golpe de estado.
Os desdobramentos políticos na Bolívia envolvendo Evo Morales e Luis Arce têm gerado debates acalorados sobre a legitimidade de uma possível reeleição do ex-presidente. A controvérsia, inclusive, ultrapassa as fronteiras do país, com a intervenção de órgãos consultivos internacionais sobre a questão da reeleição por tempo indeterminado.
Diante desse cenário de conflito de interesses e interpretações da constituição boliviana, a população do país aguarda por resoluções legais e políticas que possam garantir a estabilidade e a legitimidade das próximas eleições presidenciais. Enquanto isso, os debates acalorados e a tensão política continuam a marcar a cena política boliviana.