Em 2012, Kenneth Waltz, outro proeminente teórico realista, também se envolveu em uma situação de confronto ao afirmar que a paz no Oriente Médio só poderia ser alcançada com o fim do monopólio nuclear israelense na região. Essa posição enfureceu o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que chegou a chamar o professor de “estúpido”. A contenda ressalta as divergências entre os realistas e as autoridades políticas que têm interesses distintos em relação a questões estratégicas e geopolíticas.
Em meio a essas tensões, surge o questionamento acerca da veracidade e legitimidade das análises realizadas pelos realistas. Embora possam cometer equívocos, é essencial considerar que eles não devem ser vistos como representantes exclusivos do complexo industrial-militar. Essa generalização pode ser enganosa e contribuir para a disseminação de concepções equivocadas sobre a atuação desses estudiosos.
Além disso, é fundamental reconhecer que a postura dos realistas e dos liberais não pode ser reduzida a uma dicotomia simplista entre paz e guerra. A complexidade das relações internacionais demanda uma abordagem mais ampla e fundamentada, que leve em consideração as nuances e variedades de posicionamentos. A compreensão da guerra como um assunto sério e multifacetado requer uma avaliação cautelosa e criteriosa, que vá além das polarizações simplistas.
Outro ponto de embate entre as escolas de pensamento sobre política internacional reside na forma como encaram o imperialismo. Enquanto os realistas e os liberais tendem a ignorar essa categoria como relevante para a análise, o intelectual palestino Edward Said destacou a importância de considerar o discurso oficial dos impérios, que muitas vezes se apresentam como benignos e altruístas, mas cujas ações revelam o contrário.
Dessa forma, é necessário ir além das polarizações e reconhecer que as interpretações sobre as relações internacionais são complexas e multifacetadas. As divergências entre realistas e liberais evidenciam a necessidade de uma abordagem crítica e reflexiva, que leve em consideração a diversidade de posicionamentos e interpretações sobre temas sensíveis e crucialmente relevantes para a política internacional.