A VAPB, proteína associada a doenças neurodegenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica, foi detectada como relacionada à proliferação das células tumorais de meduloblastoma. A alta expressão da proteína no meduloblastoma se correlacionou com a diminuição da sobrevida dos pacientes, tornando-se um potencial marcador para avaliar a gravidade do câncer. Além disso, a inativação da VAPB por meio de um processo chamado nocaute, via tecnologia de edição gênica CRISPR/Cas9, demonstrou atrasar a progressão do ciclo celular.
O professor Oswaldo Keith Okamoto, do Instituto de Biociências da USP, enfatizou a importância dos resultados, ressaltando que a ligação entre a proteína VAPB e o desenvolvimento do tumor é uma grande novidade no campo da oncologia, especialmente pela escassez de estudos a respeito do câncer do sistema nervoso central. Além disso, a descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas terapias, reduzindo a agressividade do tratamento atual, que muitas vezes deixa sequelas nos pacientes.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tumores do sistema nervoso central representam cerca de 20% dos casos de neoplasia maligna infantil, atingindo sobretudo crianças de até 5 anos. Estima-se que um terço dos pacientes com meduloblastoma não consiga se curar, o que destaca a relevância dos avanços trazidos pela pesquisa da USP.
Os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas, como o sequenciamento de RNA e a tecnologia CRISPR para modificar a expressão gênica, a fim de analisar os efeitos da proteína VAPB na proliferação das células tumorais. Além disso, testes em camundongos e análises clínicas foram fundamentais para a validação dos resultados obtidos em laboratório.
No contexto mundial, estima-se que sejam registrados 310 mil novos casos de câncer do sistema nervoso central a cada ano, sendo 1,6% do total de todos os tipos de câncer. Diante desse cenário, o estudo realizado na USP representa um grande avanço na compreensão e no desenvolvimento de terapias para os tumores cerebrais, especialmente o meduloblastoma.
Mantendo o compromisso com a divulgação científica, o trabalho foi publicado na revista Scientific Reports, contribuindo para o avanço do conhecimento nessa área e oferecendo esperança para pacientes e familiares que enfrentam o desafio do câncer cerebral. A pesquisa também destaca o papel relevante das instituições de ensino e pesquisa, como a USP, no desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios da saúde pública.