Um exemplo é a recente decisão da Fuvest de excluir autores masculinos da prova de literatura em suas próximas edições. A ideia por trás dessa medida é combater o machismo, mas a crítica a ela é imediatamente tida como machista. No entanto, é questionável se privar adolescentes de ler obras de autores como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa realmente contribui para a luta contra o machismo.
A sociedade é machista e durante muito tempo as mulheres foram oprimidas e silenciadas. Isso resultou em obras literárias, científicas e artísticas que, ao longo dos últimos milênios, foram predominantemente masculinas. Negar a existência e a eficácia do machismo ao acreditar que existem obras femininas equivalentes escondidas simplesmente por excluirmos obras masculinas é um equívoco. A estrutura patriarcal impediu que mulheres tivessem a oportunidade de estudar, se manifestar e publicar, o que resultou em um cânone ocidental predominantemente masculino.
Não se pode negar que é fundamental incluir mais vozes de mulheres, negros e outras “minorias” na conversa. Contudo, isso não significa descartar o conhecimento produzido por homens. A ação afirmativa é uma ferramenta importante para promover a inclusão e dar oportunidades iguais a todos, mas silenciar vozes masculinas em nome da igualdade não é o caminho. A luta decolonial não vai fazer as maçãs caírem para cima.
Portanto, é imprescindível combater atitudes equivocadas, mesmo que motivadas por boas intenções. O desafio está em encontrar maneiras eficazes de promover a igualdade e a inclusão sem cometer injustiças._ALLOWED_ACTIONS