A pesquisa ouviu 1.200 estudantes, 800 docentes e 400 gestores, representando um universo de 18 mil escolas, 481 mil docentes e 2,1 milhões de estudantes, com uma margem de erro variando de 3% a 6%. Os resultados indicam que a formação de professores para a nova estrutura do ensino médio foi considerada inadequada por cerca de 7 a cada 10 professores, sendo apontada como o principal desafio para a implementação do modelo.
Além disso, gestores apontaram a adequação de infraestrutura, apoio técnico, aquisição e elaboração de material didático, a expansão da carga horária e a oferta das linhas de aprofundamento como outros desafios para a implementação do novo ensino médio. A pesquisa também evidenciou o forte desejo dos estudantes por ensino técnico profissional, apesar de poucas escolas oferecerem esse tipo de formação.
Segundo a coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, há um cenário geral de insatisfação, principalmente em relação às formações oferecidas aos professores. A pesquisa mostrou que as secretarias de Educação se empenharam na implementação, mas enfrentam dificuldades em proporcionar formações adequadas aos professores, o que impacta diretamente na qualidade da educação.
Além disso, estudantes têm reclamado do tempo perdido de aula em disciplinas tradicionais e da falta de opções de itinerários, enquanto críticos apontam a inviabilidade do modelo de itinerários devido à infraestrutura precária das redes públicas de ensino.
Diante da pressão das manifestações que desgastaram o governo, o Ministério da Educação (MEC) se mobilizou para alterar o novo ensino médio, com um projeto de lei enviado ao Congresso em outubro. Entre os pontos em debate está a ampliação da carga horária da Formação Geral Básica, que atualmente é de 1.800 horas, para 2.100 horas, uma proposta que enfrenta resistência por parte do governo.
A expectativa é de que a votação ocorra na próxima semana, após uma série de embates entre o governo e a oposição. A votação na Câmara está prevista para a próxima terça-feira (19) e, se aprovado, o relatório seguirá para o Senado, em um contexto de tensão política entre o Ministro da Educação, Camilo Santana, e o presidente da Câmara, Arthur Lira.
A pesquisa da Unesco expôs os desafios enfrentados pela implementação do novo ensino médio e a insatisfação generalizada de alunos, professores e gestores, sinalizando para a necessidade de ajustes e adaptações no modelo.