Dino nunca imaginaria que, 22 anos mais tarde, 131 emendas constitucionais teriam sido aprovadas e que ele próprio seria indicado para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) como ministro da Justiça, com sabatina marcada para o Senado. O ex-juiz federal defendeu que a intensa atividade ‘desconstituinte’ expressava uma crise do próprio Estado de Direito, apontando para a falta de sintonia entre o Poder Judiciário dos países e a nova fase do capitalismo mundial, em que empresas, mercado financeiro e crime organizado conseguem, na prática, ignorar as fronteiras nacionais.
Além disso, ele afirmou que a criação de um Conselho Nacional de Justiça (CNJ) era imprescindível para enfrentar as crises de desempenho e de imagem. E a aprovação da reforma do Judiciário e a instalação do CNJ foram resultado do empenho de Dino, que teve um papel fundamental nesse processo. Ele influenciou a aprovação da reforma do Judiciário enquanto atuava como presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e posteriormente como deputado federal.
A atuação de Dino também mudou a perspectiva da Ajufe, que antes era voltada para os interesses dos juízes, mas que, durante a gestão dele, passou a participar do debate da sociedade e atuar nas pautas de interesse coletivo. Ele esteve envolvido em diversas iniciativas, como o programa “Justiça para Todos” e a proposta de informatização do processo judicial. Ao longo de sua trajetória, Dino foi presidente da Embratur, governador do Maranhão por dois mandatos e se elegeu senador da República pelo PSB-MA.
A indicação de Dino para o STF gerou expectativas e debates, tendo em vista sua atuação política, o caso do 8 de janeiro, a esposa de traficante no Ministério da Justiça e a citação em delações da Odebrecht. A sabatina de Dino e do indicado de Lula à PGR, Paulo Gonet, está marcada para ser feita ao mesmo tempo pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde os senadores poderão fazer perguntas aos dois concomitantemente. Para Dino ser aprovado, é necessário que ele receba maioria absoluta na CCJ e no plenário do Senado.