Indústria alimentícia lidera crescimento, superando queda geral no setor industrial brasileiro e impulsionando exportações.

A queda da participação da indústria de transformação na economia brasileira tem sido uma tendência nos últimos anos. No entanto, essa redução não conta toda a história, pois há segmentos industriais que vêm batendo recordes de produção, exportação e investimentos. Principalmente relacionado às principais commodities que o Brasil exporta, com maior verticalização produtiva, valor agregado e volume.

O Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de alimentos industrializados em volume, superando os Estados Unidos. Junto com o setores de petróleo e mineração, o país tem visto um crescente beneficiamento de produtos brutos que tem impulsionado cadeias industriais. O setor alimentício se destaca nesse cenário, reunindo milhares de empresas e empregando milhões de trabalhadores, tornando-se o maior ramo da indústria de transformação do país.

O setor alimentício responde por 12% de todas as pessoas que trabalham no Brasil e processa a maior parte do valor da produção de alimentos do campo. Além disso, as exportações de alimentos industrializados cresceram significativamente nos últimos anos, atingindo quase US$ 60 bilhões em 2022, um aumento de 72%. O setor de alimentos tem investido bilhões por ano e está mudando a alcunha do Brasil de “celeiro do mundo” para “supermercado do mundo”.

Apesar dos riscos associados à dependência excessiva em produtos básicos, como petróleo, minério e agronegócio, esses setores têm contribuído para grandes saldos comerciais à balança comercial do Brasil. Especialistas apontam que o país está bem posicionado nesse crescimento das commodities, o que pode gerar mais crescimento e formas de financiar investimentos e a dívida pública. No entanto, é importante pensar em como transformar essa riqueza natural temporária em valor agregado, conhecimento e capacidade de inovação.

A indústria de alimentos tem se destacado nesse cenário, bem como os investimentos em beneficiamento de petróleo e siderurgia. No entanto, o Brasil acumula déficits constantes na balança comercial de manufaturados. Apesar dos avanços em algumas indústrias, o país ainda enfrenta desafios para reindustrializar e superar políticas ruins do passado.

Enquanto a ascensão e o beneficiamento das commodities têm provocado investimentos em setores industriais específicos, como alimentos, siderurgia e petróleo, o Brasil enfrenta dificuldades em encontrar um caminho para uma reindustrialização mais ampla. A dependência excessiva em produtos básicos pode deixar o país vulnerável a flutuações acentuadas nos mercados internacionais.

Os setores de alimentos, siderurgia e petróleo têm criado empregos e contribuído para o crescimento da economia, mas o país ainda carece de políticas eficazes para reverter a tendência de queda da participação da indústria de transformação. Por isso, é essencial repensar estratégias que visem à diversificação da indústria brasileira e a formação de capital humano capacitado para impulsionar setores mais sofisticados, a fim de gerar um crescimento sustentável e duradouro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo