Presidente Lula afirma que impasse no acordo UE-Mercosul se deve a questão das compras governamentais e flexibilização exigida pela União Europeia

O impasse nas negociações do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul ganhou destaque na fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura da Conferência Eleitoral do PT, em Brasília, na noite da última sexta-feira (8). Em seu discurso, Lula apontou as compras governamentais como um dos principais pontos de divergência entre os dois blocos econômicos.

De acordo com o ex-presidente, a flexibilização das compras governamentais é uma demanda da União Europeia, algo que o Mercosul não está disposto a ceder. Lula defendeu que as compras governamentais visam atender os interesses do governo, fortalecer a indústria e favorecer o crescimento das micro, pequenas e médias empresas no Brasil.

Além disso, Lula reforçou o compromisso com o conteúdo nacional na produção industrial, mencionando a intenção de exigir um mínimo de 65% de conteúdo nacional nas mercadorias fabricadas, com o objetivo de fomentar a geração de empregos no país.

O posicionamento do ex-presidente ocorre em meio a um cenário de incerteza em relação ao acordo UE-Mercosul. Durante a 28ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima (COP28), o presidente da França, Emmanuel Macron, demonstrou-se contrário ao acordo. No entanto, Lula afirmou ter esperança na conclusão do mesmo, apesar das negociações arrastarem-se por mais de duas décadas.

Recentemente, durante a Cúpula do Mercosul, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, manifestou otimismo em relação ao fechamento do acordo “muito em breve”. No entanto, é importante ressaltar que, embora o acordo tenha sido anunciado como concluído em 2019, diversos pontos ainda estão em aberto e a sua efetiva entrada em vigor demandará um longo processo de ratificação e internalização por parte dos Estados integrantes de ambos os blocos econômicos.

Dessa forma, verifica-se que as negociações do acordo UE-Mercosul enfrentam desafios significativos, incluindo a necessidade de aprovação pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, o que implicará em uma tramitação que se estenderá ao longo de vários anos. Assim, ainda há um longo caminho a percorrer antes que o acordo possa tornar-se uma realidade.

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