De acordo com informações fornecidas pelo Ministério dos Povos Indígenas e pela Funai, as autoridades ingressarão na terra indígena acompanhadas por agentes da Força Nacional de Segurança Pública. A disputa pelo controle da reserva tem ocasionado uma série de consequências graves, incluindo pelo menos duas mortes e a alteração da rotina do município. Parte dos moradores da terra indígena está sendo mantida refém por grupos organizados, que suspeitam-se terem ligações com atividades criminosas, além de arrendarem terras ilegalmente.
Esta situação tem causas históricas, como a influência do antigo SPI (Serviço de Proteção aos Índios), que formou estruturas de poder baseadas na militarização em territórios indígenas. Além disso, a prática de arrendamento de terras, proibida por lei devido à propriedade da União, continua existindo. A disputa pela liderança da terra indígena está associada a outras ilegalidades, como a formação de milícias privadas, tráfico de drogas e contrabando de armas, sementes agrícolas e agrotóxicos.
As autoridades locais têm tentado intervir, como a presença da Força Nacional de Segurança Pública e as ações da Polícia Federal, mas a situação continua a se intensificar. A prefeitura de Cacique Doble chegou a suspender eventos públicos que promovam aglomerações na cidade, após uma briga generalizada em um evento natalino e o incêndio de casas na reserva. Recentemente, uma adolescente morreu após ser atingida por um tiro, e outras duas pessoas foram baleadas e hospitalizadas.
Diante deste cenário de violência e vulnerabilidade, é crucial que as autoridades governamentais atuem para buscar soluções para os conflitos existentes e garantir a segurança das comunidades. Uma intervenção duradoura será necessária para criar um ambiente de apaziguamento e promover o debate entre os indígenas sobre o uso da terra e as estruturas de poder interno. Tanto a prefeitura de Cacique Doble quanto o governo do Rio Grande do Sul ainda não se pronunciaram sobre a situação na Terra Indígena Cacique Doble.