De acordo com o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, é natural esperar algum tipo de correção neste começo de dezembro, mas ainda há espaço para que seja um mês forte, assim como novembro. No entanto, o índice perdeu força devido ao mau desempenho nas commodities, como o petróleo Brent em Londres e o minério em Dalian, na China. Este movimento foi semelhante entre os principais índices do mundo. Na B3, as baixas ficaram por conta das aéreas e do varejo, que mais uma vez lideraram o campo negativo, de acordo com Alex Carvalho, analista da CM Capital.
Na ponta negativa do Ibovespa nesta segunda-feira, as maiores perdas foram de Gol (-9,19%), Magazine Luiza (-7,83%), Azul (-5,82%), Alpargatas (-5,51%) e Grupo Casas Bahia (-5,45%). O destaque positivo ficou para Engie (+1,31%), Totvs (+0,95%) e Santander Brasil (também +0,95%). O dia registrou a maior perda diária na casa de 1% desde 27 de outubro, quando o índice cedeu 1,29%.
Com a adição de prêmio de risco à curva de juros doméstica, as ações cíclicas na B3, mais sensíveis, foram afetadas, segundo Spiess, da Empiricus. No exterior, a curva de juros também mostrou volatilidade na sessão, nos vértices mais longos, em semana com uma agenda importante especialmente de dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos.
A Vale ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, caiu 2,25%, enquanto Petrobras ON e PN encerraram o dia em baixa de 1,96% e 2,13%, respectivamente. Entre os grandes bancos, os ajustes foram mais discretos, e o fechamento se mostrou misto para as maiores instituições, com Bradesco PN em baixa (-0,74%), assim como BB (ON -0,39%). Além de Santander (Unit +0,95%), Itaú (PN +0,13%) e Bradesco ON (+0,28%) subiram nesta segunda-feira. E, mesmo com a correção desta abertura de semana, o Ibovespa permanece em níveis não vistos desde meados de 2021, ainda em patamar elevado, apesar das dúvidas que têm emergido sobre a demanda global por commodities, segmento a que a Bolsa brasileira tem grande exposição.
A pressão negativa sobre o preço do petróleo arrefeceu no início da tarde, quando as cotações tiveram um flerte com terreno positivo, mas tal movimento não se sustentou. Por um lado, há contínua preocupação sobre a demanda, mas, por outro, investidores observam também a situação geopolítica no Oriente Médio, após o ataque a um navio de guerra americano no Mar Vermelho. O grupo Hutis, do Iêmen, reivindicou a autoria, e o Pentágono acusou o Irã – grande produtor de petróleo – de permitir os ataques. O dia ainda esteve comprometido, desde a abertura, pela pressão decorrente das ações de commodities e, em parte, do setor financeiro, ambos de grande peso no índice.