Essas cifras são bastante diminutas quando comparadas com as necessidades reais. Em 2022, a América Latina e o Caribe sofreram perdas de US$ 320 milhões devido a danos climáticos, e somente no Rio Grande do Sul, a quebra do valor de produção agrícola ultrapassa R$ 30 bilhões desde 2021. Além disso, os países desenvolvidos haviam prometido bancar US$ 100 bilhões anuais entre 2020 e 2025 para ajudar os menos desenvolvidos, porém nunca cumpriram a promessa.
Apesar do reconhecimento do papel dos combustíveis fósseis como os principais causadores do aquecimento global, os países signatários da Convenção do Clima escolheram os Emirados Árabes Unidos, um petroestado, para sediar a COP28. A realização do evento gerou a maior pegada climática dessas reuniões em todos os tempos, reforçando a contradição entre palavras e ações.
Além disso, o governo brasileiro também demonstra duplicidade em relação às questões climáticas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, desfila em Dubai com crachá de líder verde, propondo um fundo bilionário para preservar florestas e cobrando o cumprimento de promessas financeiras dos países ricos, enquanto flerta com a entrada do Brasil na OPEP. Isso mostra a falta de coerência nas políticas e ações em prol do meio ambiente.
O Acordo de Paris, assinado há oito anos, fixou 1,5ºC de aquecimento como limiar de segurança, porém o planeta ruma para algo entre 2,5ºC e 3ºC. A falta de consenso sobre a metodologia para verificar se esse limiar foi cruzado ressalta a urgência e a importância de ações efetivas e imediatas para reverter o aquecimento global. A COP28 só poderia ser considerada um sucesso se resultasse em um plano de metas e prazos para banir a exploração de combustíveis fósseis. Infelizmente, os dignitários presentes na conferência demonstraram pouca disposição para adotar medidas drásticas nesse sentido.