O mural de 1.500 m², que retrata uma figura gigante de uma mulher com o punho erguido e envolta na bandeira da cidade, foi apagado parcialmente com a aplicação de uma faixa de tinta branca. A intervenção foi autorizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), proprietário do edifício onde o mural foi feito.
O Cremesp justificou a ação, afirmando que o imóvel está passando por reformas estruturais necessárias. No entanto, o gestor cultural Alê Youssef, fundador do Baixo Augusta, afirmou que o mural também foi uma resposta à política de apagamento da arte de rua, colocada em prática no início da gestão de João Doria.
Durante sua gestão, Doria ordenou o apagamento de grafites em muros da avenida 23 de Maio, alegando que estavam deteriorados e pichados. No entanto, a ausência de conservação do jardim vertical que foi colocado no lugar gerou críticas e uma decisão judicial chegou a determinar multa à gestão municipal por dano ao patrimônio cultural.
Youssef enfatizou que o mural é um emblema da cidade e representa a volta da arte urbana em um momento em que ela estava na contramão. Além disso, a artista Rita Wainer destacou que o mural simboliza a força feminina e o protagonismo da mulher em todas as áreas.
O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou que como o painel está em área particular, não cabe à prefeitura interferir na decisão do proprietário. Questionado sobre o apagamento, o Cremesp não comentou se há motivação política para a sua ação.
Diante disso, a situação do mural “A Cidade é Nossa” gerou um debate sobre preservação da arte de rua e a importância de muralismo como forma de expressão artística. A polêmica também ressaltou a luta pela valorização da cultura urbana e a necessidade de diálogo entre artistas, gestores culturais e proprietários de imóveis para a preservação e restauro de obras de arte urbana.