O motivo que levou à convocação deste ato foi a morte de Cleriston Pereira, que teve um mal súbito na penitenciária da Papuda, em Brasília. Em memória de Cleriston, que era réu por participar dos ataques do 8 de janeiro, a manifestação está prevista para ocorrer na avenida Paulista, em São Paulo.
A morte de Cleriston aconteceu na segunda-feira (20), e, de acordo com um documento da Vara de Execuções Penais, ele “teve um mal súbito durante o banho de sol”. Cleriston havia sido denunciado pela prática de crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
Bolsonaro, movido pelo caso, apoiou a convocação da manifestação, mas sua presença no ato não é certa devido ao temor de que o Supremo Tribunal Federal (STF) vire alvo de ataques e críticas dos manifestantes. O ex-presidente enfrenta uma série de processos na Justiça.
O comportamento de Bolsonaro em relação aos direitos humanos tem sido alvo de críticas, pois, no passado, ele tratou temas relacionados a direitos humanos como “direitos de bandidos” e “esterco da vagabundagem”. O ex-presidente e seus seguidores associam a pauta dos direitos humanos à esquerda e à impunidade, defendendo punições mais severas e questionando a importância de oferecer condições básicas de sobrevivência aos detentos.
A morte de Cleriston trouxe à tona debates sobre a precariedade das condições carcerárias no país. A Defensoria Pública do Distrito Federal afirmou em relatório que a área de saúde do Centro de Detenção Provisória 2 da Papuda estava fechada e que os presos relataram demora no atendimento a Cleriston, enquanto o governo contesta essa versão, afirmando que o atendimento foi “prontamente” atendido pela equipe da unidade básica de saúde prisional.
O posicionamento de Bolsonaro em relação aos direitos humanos ao longo de sua carreira política tem sido conturbado, indo desde críticas contundentes a defesa da restrição de saída temporária de presos.
A convocação deste ato marca uma mudança em relação ao discurso anterior de Bolsonaro, com o ex-presidente buscando ressignificar a pauta dos direitos humanos, que antes era associada à esquerda e à impunidade. Resta saber se a presença de Bolsonaro no ato será confirmada, mas é inegável que a manifestação levantou debates importantes sobre o tema dos direitos humanos e das condições carcerárias no país.