Buscas na internet relacionadas à “ansiedade climática” aumentaram 73 vezes, diz estudo exclusivo da BBC 100 Women junto ao Google.

As buscas relacionadas à “ansiedade climática” explodiram nos últimos meses, de acordo com dados exclusivos do Google compartilhados com a BBC 100 Women, que seleciona anualmente as cem mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo. O aumento nas buscas foi vertiginoso: apenas em português, houve um crescimento de 73 vezes nos primeiros dez meses de 2021 em comparação com o mesmo período de 2017. Além disso, idiomas como inglês e mandarim apresentaram um aumento de 27 vezes e 8,5 vezes, respectivamente.

Países nórdicos lideram as buscas sobre ansiedade climática. De acordo com o Google, as nações escandinavas, como Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega, representaram mais de 40% das pesquisas relacionadas ao termo. No entanto, nações do Sul Global, como Chile, Filipinas e África do Sul, tiveram taxas menores de consultas sobre a ansiedade climática, e países com baixos volumes de pesquisa foram excluídos da análise.

Aliado ao aumento das buscas relacionadas à ansiedade climática, o Google observou um crescimento global nas consultas sobre o futuro do planeta, meio ambiente e emissões de gases do efeito estufa. Perguntas sobre como resolver as mudanças climáticas se destacaram e apareceram entre as mais frequentes sobre o tema nos últimos dois anos, demonstrando um interesse das pessoas em entender melhor os problemas e, principalmente, agir.

No entanto, apesar do crescimento das buscas sobre ansiedade climática, não há informações sobre o gênero das pessoas que realizam essas pesquisas, embora estudos apontem que as mulheres são mais predispostas a sofrer com o incômodo. Uma pesquisa publicada na revista acadêmica Sustainability neste ano mostrou que as mulheres entrevistadas relataram “maiores níveis de preocupação e emoções negativas” sobre as alterações climáticas, enquanto participantes do sexo masculino foram “mais otimistas e expressaram maior confiança no governo”.

A professora Susan Clayton, coautora do estudo publicado na revista Sustainability, aponta possíveis explicações para a diferença de preocupações entre homens e mulheres em relação às mudanças climáticas. Segundo ela, as mulheres são mais abertas a discutir emoções e podem ser mais sensíveis à própria resposta emocional às alterações climáticas.

Além disso, Clayton pondera que as mulheres podem se preocupar mais com as mudanças climáticas por estarem mais expostas aos impactos delas em suas vidas, correndo maior risco de sofrer com eventos climáticos extremos e sendo mais vulneráveis à violência após desastres naturais. Estudos indicam que as mulheres têm mais chances de morrer em catástrofes relacionadas às mudanças climáticas do que os homens. Com base nessas observações, é importante considerar que as alterações climáticas afetam de maneira desproporcional o bem-estar das mulheres e das meninas em todo o mundo. Na próxima conferência sobre o clima (COP28) das Nações Unidas, que acontecerá em Dubai, a discussão sobre saúde mental e adaptação às mudanças climáticas provavelmente estará no centro das atenções, mostrando que essas preocupações não param de crescer.

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