1% mais rico é responsável por mesma quantidade de emissões de carbono que dois terços mais pobres, aponta estudo da Oxfam

Segundo um estudo realizado pela organização sem fins lucrativos Oxfam International, o 1% mais rico da população mundial é responsável por uma quantidade de emissões de carbono equivalente à dos dois terços mais pobres do planeta, ou seja, cinco bilhões de pessoas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (20) e apontam para a desigualdade na contribuição para a crise climática, com os mais ricos sendo os principais responsáveis.

A análise revela que, quanto mais rico alguém é, mais fácil se torna reduzir as emissões pessoais e de investimentos. De acordo com Max Lawson, coautor do relatório, as pessoas mais abastadas podem abrir mão do terceiro carro, das férias adicionais e dos investimentos em indústrias poluentes, contribuindo assim para a redução das emissões.

O relatório, intitulado “Igualdade Climática: Um Planeta para os 99%”, utiliza dados compilados pelo Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo para examinar as emissões de consumo associadas a diferentes grupos de renda até 2019. Os resultados foram divulgados às vésperas da COP28, a cúpula do clima da ONU, levantando a discussão sobre a necessidade de políticas governamentais adaptadas à realidade da desigualdade na contribuição para a crise climática.

De acordo com Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, é inaceitável que o 1% mais rico do mundo continue liderando o planeta em direção a um colapso ambiental, impactando a maioria da população. A análise revela que os mais ricos, representando 77 milhões de pessoas, são responsáveis por 16% das emissões mundiais relacionadas ao consumo. Esse mesmo percentual é registrado por 66% da população mundial com renda mais baixa, equivalente a 5,11 bilhões de pessoas.

Diante desse cenário, a Oxfam sugere a implementação de um imposto de 60% sobre a renda do 1% mais rico do mundo, estimando que isso arrecadaria US$ 6,4 trilhões para enfrentar a crise climática e financiar a transição energética e a adaptação para os países mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos.

Além disso, Lawson ressalta a importância de políticas progressivas para a redução das emissões, exigindo que aqueles que mais emitem façam os maiores sacrifícios. Isso poderia incluir a aplicação de impostos sobre viagens aéreas frequentes e taxas mais elevadas sobre investimentos em negócios poluentes. A discussão levanta a necessidade de enfrentar a desigualdade na contribuição para a crise climática e buscar soluções que promovam a igualdade de responsabilidade ambiental.

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