Essa ideia de dolarização não é exclusiva da Argentina. Vários países latino-americanos já adotaram o dólar, oficialmente ou de fato, como forma de buscar soluções para crises hiperinflacionárias e alcançar estabilidade econômica e financeira que não era proporcionada por suas moedas locais.
O Equador é um exemplo disso. Em março de 2000, o país adotou o dólar como forma de superar uma profunda crise bancária que ameaçava virar uma hiperinflação. Desde a adoção do dólar, o Equador conseguiu alcançar níveis baixos de inflação, incluindo períodos de deflação.
El Salvador também dolarizou sua economia em janeiro de 2001 com a justificativa de tornar o país mais atraente para investimentos estrangeiros e reduzir o risco de desvalorização. No entanto, a dolarização teve efeitos adversos, aumentando o custo de vida no país.
O Panamá, por sua vez, adotou o dólar como moeda oficial há mais tempo, desde 1904, juntamente com o balboa, a moeda local. O país registra níveis de inflação abaixo de 3% ao ano.
Na Venezuela, a dolarização é informal desde 2018, como uma válvula de escape para a profunda crise que o país enfrentava. A desvalorização profunda do bolívar tornou necessários grandes volumes de cédulas para pagar bens e serviços.
Além destes países, vários países da América Latina têm economias “bimonetárias”, onde o dólar é utilizado para a compra de bens e serviços, contratos de aluguel são assinados em dólares e é possível abrir contas bancárias na divisa dos Estados Unidos.
A ideia de dolarização tem gerado debates e controvérsias em diversos países latino-americanos, e a Argentina não seria diferente. A discussão sobre a adoção do dólar como moeda oficial certamente ganhará destaque nos próximos meses, à medida que Javier Milei se prepara para assumir a presidência do país.