Os dados apontam que homens e mulheres pretos e pardos são os que mais percebem a influência da raça nas relações. De acordo com a pesquisa, 33% das pessoas que se declaram pretas veem a cor da pele como um fator que interfere nos relacionamentos amorosos, em comparação com 13% das pessoas pardas e 8% das pessoas brancas. Essa discrepância é atribuída às vivências de cada grupo, de acordo com Silvane Silva, doutora em história social pela PUC-SP e especialista em relações raciais e de gênero.
O estudo também apontou diferenças significativas na percepção da influência da cor de pele nas amizades, com 33% das mulheres pretas e 26% dos homens pretos acreditando que a cor influencia nessas relações. Para Silvane Silva, os números refletem a persistência do mito da democracia racial no Brasil, evidenciando a dificuldade de grande parte da população em admitir as realidades das relações raciais.
A pesquisa, realizada de 9 a 17 de outubro de 2023, contou com a participação de 2.005 entrevistados em 111 municípios brasileiros, abrangendo pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país, com diferentes marcadores de gênero, raça e escolaridade, entre outros. Os participantes também foram questionados sobre seus próprios relacionamentos ao longo da vida, revelando que, para 91% deles, a cor da pele nunca interferiu em suas relações amorosas, enquanto 8% afirmaram que ela já interferiu.
Para além das relações amorosas, a pesquisa também abordou a influência da cor de pele nas amizades, revelando que nove em cada dez brasileiros afirmaram que a cor de pele nunca interferiu em suas relações de amizade. Porém, 33% das mulheres pretas e 26% dos homens pretos acreditam que a cor da pele interfere nessas relações, demonstrando uma percepção distinta em relação aos participantes que se declararam brancos.
Segundo a pesquisa, esses dados apontam para a persistência de desigualdades raciais nas relações interpessoais, evidenciando a necessidade de reflexão e discussão sobre a influência da raça nessas interações.
