As declarações de Lula ameaçavam abandonar o objetivo de aumentar as receitas, e com isso, o país perderia a oportunidade de debater quem precisa contribuir mais para o Estado. Adiando o debate sobre a meta, Haddad terá mais tempo para buscar receitas que possam compensar o aumento de gastos observado entre 2022 e 2023, justificado pela necessidade de proteger os mais vulneráveis.
Diversas propostas de arrecadação estão em discussão, visando taxar fundos exclusivos, offshores, juros sobre capital próprio e mudanças nas regras de benefícios do ICMS, com expectativa de arrecadação considerável. No entanto, essas propostas têm enfrentado resistência no Congresso, sem avançar para votação.
Além disso, o governo enfrentará um desafio em março, quando precisará divulgar o primeiro Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do ano, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. Analistas e membros do governo acreditam que será necessária a contenção de recursos, o que vai contra a intenção de Lula de promover obras em larga escala pelo país. Economistas falam em bloqueio de ao menos R$ 40 bilhões, o que poderá levar à necessidade de alteração da meta em março.
O prazo para enfrentar esses desafios é curto, já que o Congresso encerrará suas atividades em pouco mais de um mês, voltando apenas em fevereiro. Isso coloca em risco as principais demandas do governo no primeiro ano de mandato, afetando a credibilidade do arcabouço fiscal e do governo como um todo. O cenário até março gera riscos não apenas para as receitas, mas também para a estabilidade do governo.