Incêndio destrói espaço sagrado de matriz africana em São Paulo, mas lideranças comunitárias mantêm ações sociais vivas.

Um incêndio atingiu um espaço sagrado de matriz africana no bairro Vila Lola, na periferia da zona sul da cidade de São Paulo, no mês de agosto do corrente ano. A Tenda Caboclo Mata Virgem e Mestre Zé Pilintra, liderada pelo babalorixá Dayvid Robert de Almeida, era conhecida por realizar rituais de Umbanda e Jurema, de forma gratuita e aberta ao público, há mais de duas décadas no local.

O fogo teria sido iniciado após a ruptura da válvula de segurança de um botijão de gás. Os moradores locais tiveram dificuldades em conter as chamas, devido à falta de água na região. O Corpo de Bombeiros levou 40 minutos para chegar ao local, mas felizmente não houve vítimas fatais. No entanto, a destruição do terreiro e de parte das residências das famílias que zelavam pelo espaço foi total, resultando em um prejuízo material estimado em 100 mil reais.

Diante do acidente, doações em dinheiro e material de construção visando a reforma do espaço, chegaram a cerca de 35 mil reais até o momento. O terreiro também iniciou uma campanha de doações para viabilizar a conclusão da reconstrução do espaço, que além de oferecer suporte religioso gratuito à comunidade, desenvolvia ações sociais como a distribuição de alimentos e roupas às famílias carentes da região.

Em entrevista ao periódico “Expresso na Perifa”, o babalorixá Dayvid ressaltou a importância das práticas religiosas afro-brasileiras e indígenas nas comunidades periféricas, afirmando que essas religiões são fundamentais para a resistência das populações oprimidas e para a preservação da história e memória do povo negro e indígena.

Além do aspecto religioso, o terreiro promove ações sociais como distribuição de alimentos, roupas, brinquedos e doces para famílias carentes da região. Atualmente, o terreiro atende em média 15.000 pessoas com os programas sociais e pretende ampliar esse atendimento nos próximos anos.

Diante da ausência de auxílio do poder público, o terreiro conta com o apoio de parceiros e empresas locais para realizar as ações sociais. A comunidade tem buscado apoio de órgãos governamentais, mas a ajuda é sempre burocrática e não chega de forma efetiva.

O babalorixá e o grupo que compõe o terreiro seguem firmes na sua missão de ajudar as famílias necessitadas, mesmo após o incêndio que destruiu parte do espaço. A comunidade tem se unido para superar os desafios e seguir em frente, contando com a solidariedade e apoio de quem se dispõe a ajudar.

A campanha de doações para a reconstrução do espaço e apoio às ações sociais está em andamento, com a possibilidade de fazer doações através do email [email protected], ou pela plataforma “Vakinha”. Todo o valor arrecadado será direcionado para as reformas do terreiro e as prestações de contas estarão disponíveis no perfil do Instagram do espaço. Até o momento, não houve resposta da Prefeitura de São Paulo sobre o caso, mas a comunidade segue empenhada em retomar suas atividades e ajudar aqueles que necessitam.

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