A Polícia Militar foi acionada no início da manhã do domingo e encontrou os corpos com marcas de disparos. O local foi isolado para a realização de perícia. O caso será investigado pela Polícia Civil, que relatou estar com equipes em campo realizando diligências investigativas para esclarecer as mortes. De acordo com informações preliminares, a principal linha de investigação aponta para a disputa entre famílias da comunidade. O povoado de Casinhas, em Jeremoabo, foi certificado em 2010 como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares e desde então luta pela titulação das terras.
A comunidade quilombola está localizada em um estado que enfrenta um cenário complexo na segurança pública, desafiando o governador Jerônimo Rodrigues. A Bahia é o estado com maior número de mortes violentas do país em números absolutos e enfrenta a escalada de conflitos fundiários que se agravou nos últimos anos, provocando mortes e tensão em territórios conflagrados. Dados da Comissão Pastoral da Terra mostram que a Bahia registrou 99 conflitos agrários no ano passado, envolvendo áreas de cerca de 275 mil hectares e 9.500 famílias. Três pessoas foram assassinadas devido aos conflitos e outras 27 foram ameaçadas de morte.
Além disso, a violência atinge também lideranças quilombolas, com ao menos 11 assassinatos registrados nos últimos dez anos. Em resposta a essa situação, o governo da Bahia criou uma coordenação de mediação de conflitos fundiários na Polícia Civil, com o objetivo de ter mais estrutura para atuar em casos que envolvem comunidades tradicionais. Nesse contexto, a disputa pela titulação das terras das comunidades quilombolas se intensifica, gerando um cenário de violência e insegurança para as famílias que vivem nesses territórios. A situação em Jeremoabo é um exemplo de como a questão fundiária perpassa pelas questões de segurança e direitos humanos, demandando uma atuação efetiva das autoridades para garantir a proteção e a segurança dessas comunidades.