Governo de Santa Catarina determina retirada de 9 obras literárias das escolas estaduais, gerando polêmica e críticas.

O governo de Santa Catarina, comandado por Jorginho Mello (PL), está envolvido em polêmica após determinar a retirada de circulação de nove obras literárias das bibliotecas da rede pública do estado. A medida inclui a orientação de que essas obras sejam armazenadas em um local não acessível à comunidade escolar.

Entre os títulos afetados, destacam-se obras de ficção como “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, e “It: A Coisa”, de Stephen King. Este comunicado foi enviado às bibliotecas da rede pública do estado por meio de um ofício assinado pelo supervisor de Educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora Regional de Educação, Anelise dos Santos de Medeiros.

Segundo a Secretaria de Estado da Educação, a medida tem como objetivo redistribuir alguns dos títulos das bibliotecas das unidades escolares da região, visando a uma melhor adequação das obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação. Entretanto, o ofício enviado às escolas não fornece justificativa para a retirada desses títulos, informando apenas que novas orientações serão enviadas em breve. A pasta também não explicou como definiu as obras que foram retiradas.

Dentre os livros censurados nas escolas, estão títulos que abordam desde questões de terror, como “Coração Satânico”, de William Peter Blatty, até temas comportamentais, como as relacionadas a gênero e sexualidade em “A Química Entre Nós”, de Larry Young e Brian Alexander, e questões de bullying, tratadas em “Os 13 Porquês”, de Jay Asher. Até mesmo obras que analisam criticamente a vida e as atividades de Alfred Rosenberg, um dos principais ideólogos do nazismo, como “O Diário do Diabo: Os Segredos de Alfred Rosenberg, o Maior Intelectual do Nazismo”, de Roger Moorhouse, constam na lista dos livros que devem ser retirados de circulação.

A divulgação dessa lista gerou repercussão nas redes sociais e críticas ao governo estadual, que, desde o início do ano, é comandado por Mello, que foi eleito com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Esta não é a primeira vez que um governo estadual censura obras literárias, em 2020, o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), censurou 43 livros alegando que eram “inadequados para crianças e adolescentes”.

A atitude do governo de Santa Catarina gera preocupação sobre a liberdade de expressão e o acesso à informação, além de acender discussões sobre as políticas culturais e educacionais do estado. A censura a obras literárias sempre gera controvérsias e debates acalorados, e merece a atenção da sociedade como um todo.

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