Número de crianças e adolescentes trabalhando ilegalmente aumenta 14% em 2022, apontam auditores-fiscais do trabalho.

Durante os primeiros nove meses deste ano, foi identificado um aumento de 14% no número de crianças e adolescentes que realizam trabalho infantil ilegal. De acordo com dados divulgados pela coordenadora nacional de Fiscalização do Trabalho Infantil substituta, Luíza Carvalho Fachin, durante um evento da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho (Enit), do Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília, foram registradas 1.871 ocorrências de trabalho infantil. Esses números são preocupantes e representam uma grave violação aos direitos das crianças e adolescentes.

Luíza lamentou o resultado e destacou que, no período de janeiro de 2021 a setembro deste ano, mais de 6 mil crianças e adolescentes foram encontrados trabalhando de forma irregular em diferentes setores econômicos. Ela ressaltou que muitos desses jovens poderiam trabalhar legalmente, já que a legislação brasileira permite a contratação de adolescentes a partir dos 14 anos de idade como aprendizes, e a partir dos 16 anos em atividades que não comprometam sua integridade física, mental e social.

No entanto, segundo a coordenadora, 87% dos adolescentes afastados do trabalho infantil este ano já tinham idade para serem contratados como aprendizes, mas estavam sendo explorados. Além disso, muitos adolescentes de 16 e 17 anos, que também já possuíam idade para trabalhar, estavam realizando atividades proibidas.

A maioria das crianças e adolescentes identificados era do sexo masculino, sendo que 66% tinham entre 16 e 17 anos, e 21% tinham entre 14 e 15 anos. Os setores econômicos onde eles estavam trabalhando eram principalmente o comércio e reparação de veículos, alojamento e alimentação, indústria de transformação e agricultura e pecuária.

Uma das formas mais comuns e lesivas de trabalho infantil é o doméstico, onde crianças e adolescentes prestam serviços em domicílios de outras pessoas ou famílias. Essas vítimas são consideradas “trabalhadores invisíveis” e são extremamente vulneráveis à exploração. O secretário nacional de Inspeção do Trabalho substituto, Henrique Mandagará de Souza, ressaltou a dificuldade de proteger essas vítimas e destacou a necessidade de combater o trabalho infantil doméstico.

Em agosto deste ano, foi organizada a primeira operação nacional de combate ao trabalho infantil doméstico, que resultou na identificação de 112 adolescentes nessa situação. Nenhum caso de crianças menores de 14 anos foi encontrado, o que indica que todos os envolvidos tinham idade para trabalhar. No total, mais de 160 empregadores domésticos foram notificados.

Os resultados dessa operação foram considerados concretos e expressivos, o que motivou a realização de uma segunda operação, que envolverá principalmente os estados que não participaram da primeira ação. A coordenadora Luíza Fachin afirmou que é possível enfrentar o trabalho infantil doméstico, mesmo diante da dificuldade de fiscalização nos lares, e encorajou denúncias por meio do Sistema de Denúncia de Trabalho Infantil (Sistema Ipê), da auditoria-fiscal do trabalho.

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