Aristides Theodoro: o escritor autodidata que se tornou referência literária na região do ABC Paulista

Aristides Theodoro, um escritor autodidata da região do ABC Paulista, faleceu na última quinta-feira (28) aos 78 anos. Mesmo sem estudo formal, Theodoro se tornou uma referência artística em sua região, escrevendo 57 livros de diversos gêneros literários, dos quais 25 foram publicados.

Nascido em Utinga, na Bahia, Theodoro mudou-se para a capital paulista aos oito anos com sua família. Foi lá que ele encontrou inspiração para criar a cidade imaginária de Curiapeba, localizada na Chapada Diamantina baiana. A cidade fictícia foi palco de alguns de seus contos mais famosos, nos quais ele incorporou lendas que ouviu na infância.

Alguns de seus livros eram impressos com um mapa da cidade imaginária, onde habitavam personagens baseados em pessoas reais que ele conhecia. Assim como o autor, esses personagens também se tornavam retirantes e buscavam uma oportunidade nas capitais do Sudeste.

Durante sua infância e juventude, Theodoro viu a cidade de Mauá, na região metropolitana de São Paulo, crescer. Ele a conheceu como um município quase rural quando tinha apenas 11 anos.

O escritor contou em uma entrevista ao Diário do Grande ABC que seu pai construiu para ele um pequeno cômodo separado do resto da casa, onde ele podia ouvir seus discos e ler sem incomodar a família. Esse cômodo foi apelidado de Toca Filosófica, remetendo ao seu primeiro refúgio artístico.

Apesar de não beber, Theodoro frequentava bares em Mauá e passava horas debatendo literatura com seus amigos escritores. No Bar do Yugo, um dos mais movimentados da cidade nos anos 60, ele conheceu os amigos que, posteriormente, fundariam com ele o Colégio Brasileiro de Poetas. O grupo promovia eventos literários e divulgava a produção artística local.

Theodoro foi premiado em vários concursos literários e deixou um legado importante para a cidade de Mauá. Ele faleceu vítima de um infarto, deixando quatro irmãos, uma biblioteca com mais de 10 mil livros e arquivos com recortes de jornais e revistas que documentavam a cena literária de sua cidade.

Sua morte é uma grande perda para a literatura brasileira, mas seu legado continuará vivo através de suas obras e da influência que deixou na região do ABC Paulista.

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