Greve dos transportes e da Sabesp em São Paulo adianta tema central da campanha eleitoral municipal de 2024

Na terça-feira (3), uma greve dos transportes e da Sabesp em São Paulo trouxe à tona uma temática que promete ser central na campanha eleitoral municipal da capital em 2024: a privatização de serviços estaduais. Embora seja um movimento contra a venda desses serviços, o líder da corrida eleitoral no momento, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), já se posicionou contra a privatização da Sabesp, joia da coroa do programa de desestatização do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A greve contribui para a aceleração do processo de privatização e também para a criação de um cronograma otimista por parte do Palácio dos Bandeirantes. De acordo com esse cronograma, a Assembleia Legislativa aprovaria o projeto de desestatização ainda este ano para que o leilão ocorra antes do início da campanha eleitoral, no primeiro semestre de 2024.

A posição de Boulos é tradicional da esquerda brasileira, que é contra as privatizações. Pesquisa do Datafolha realizada em abril mostrou que 53% dos paulistas são contra a venda da Sabesp, enquanto 40% são a favor. No entanto, o levantamento também revelou que 49% dos moradores do Estado aprovam a concessão de linhas do Metrô, indicando que a maioria acredita que os serviços prestados à população podem melhorar com a privatização.

Essas considerações são importantes no jogo político. Aliados de Boulos acreditam que ele pode atrapalhar a venda da Sabesp, caso não ocorra, se ele rejeitar a negociação de um novo contrato com a empresa. Por outro lado, o atual prefeito e segundo colocado nas intenções de voto, Ricardo Nunes (MDB), é a favor da privatização e conta com o apoio formal do governador na disputa eleitoral de 2024.

Tanto a esquerda quanto a centro-direita enfrentam desafios em relação às suas defesas ideológicas e questões práticas. A esquerda arrisca desgaste ao provocar transtornos à população com greves, além de enfrentar críticas devido à imagem de “invasor de casas” atribuída a Boulos. Já a centro-direita enfrenta rejeição à privatização da Sabesp e precisa definir um modelo para controlar as tarifas de água.

Além do aspecto municipal, o governador Tarcísio também enfrenta o desafio político de administrar a segunda greve de transportes em apenas nove meses de governo. Até o momento, ele não mostrou sinais de que irá mudar seus planos de privatização, que são sua bandeira desde a campanha eleitoral.

Em resumo, a greve dos transportes e da Sabesp em São Paulo adianta uma temática importante que será central na campanha eleitoral municipal de 2024. Enquanto Guilherme Boulos se posiciona contra a privatização, o atual prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas são a favor. Ambos os lados enfrentam desafios em suas defesas e precisam lidar com a opinião pública e as consequências políticas e práticas da privatização de serviços estaduais.

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