CPIs terminam sem votação de relatórios finais ou indiciamentos de responsáveis após meses de trabalho.

Três comissões parlamentares de inquérito (CPIs) da Câmara dos Deputados encerraram seus trabalhos sem a votação do relatório final ou indiciamento de responsáveis após meses de investigação. As CPIs foram instaladas em maio deste ano e tinham como objetivo investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), inconsistências contábeis no Grupo Americanas e a manipulação de resultados de partidas de futebol.

A CPI que investigava o MST encerrou seu prazo sem a votação do relatório final. O deputado Ricardo Salles, relator da comissão, havia solicitado o indiciamento de 11 pessoas, incluindo o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, líderes do movimento e o presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral). Segundo o relatório, o movimento é acusado de práticas de abuso contra assentados, privilégios de dirigentes e apropriamento de recursos públicos. O deputado também afirmou que não há necessidade de ampliar a destinação de áreas para a reforma agrária no momento.

A CPI que investigava o Grupo Americanas também concluiu as investigações, porém, sem apontar os responsáveis pelo rombo de R$ 20 bilhões na empresa. O relatório final foi aprovado por 18 votos a 8, mas alguns membros da comissão alegam que houve uma tentativa de “blindar” os principais acionistas da empresa, que não foram ouvidos pela CPI. O ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, em carta à comissão, apontou o envolvimento dos controladores na fraude. O relator da CPI, deputado Carlos Chiodini, justificou que não há elementos suficientes para indiciamentos e sugeriu a criação de leis para combater crimes empresariais e melhorar a fiscalização do mercado de capitais.

Já a CPI que investigava a manipulação de resultados de partidas de futebol terminou sem a votação do relatório final. Quatro deputados pediram vista do parecer, o que impediu a votação. O relator Felipe Carreras afirmou que o Ministério Público e a Polícia Federal não encontraram indícios suficientes para incriminar as empresas de apostas. No entanto, ele pretende levar adiante projetos de lei propostos no relatório, como a obrigatoriedade de gestores, dirigentes ou treinadores de clubes comunicarem às autoridades competentes a prática do crime de corrupção desportiva. Carreras destacou que o futebol brasileiro está muito exposto à manipulação de resultados devido ao crescimento do mercado de apostas esportivas.

Essas CPIs despertaram grande interesse e expectativa da sociedade, porém, o encerramento dos trabalhos sem a votação do relatório final ou indiciamento de responsáveis pode ser considerado um desfecho insatisfatório. Muitos questionam a eficácia dessas investigações e acreditam que a impunidade prevaleceu mais uma vez. A discussão e apuração dos fatos são essenciais para a transparência e responsabilização dos envolvidos, garantindo a confiança da população nas instituições. Resta agora aguardar quais serão as próximas medidas a serem tomadas diante desses resultados.

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