A situação de Antônio se agravou quando ele adoeceu gravemente e precisou de assistência médica urgente. No entanto, o acesso a cuidados de saúde tornou-se uma jornada árdua em meio ao cenário de desolação provocado pela seca na região. Em 8 de setembro, a reportagem da Folha esteve presente na casa do ex-seringueiro, testemunhando sua condição debilitada, com dores intensas e inchaço nas pernas, sem um diagnóstico claro.
No dia seguinte, os familiares de Antônio decidiram levá-lo até Humaitá em busca de ajuda médica. O percurso, que incluía caminhadas e embarcações, era longo e cansativo. Infelizmente, Antônio não resistiu e veio a falecer durante o trajeto de volta para sua comunidade, aos 75 anos de idade.
A falta de clareza sobre as causas da morte de Antônio e a dificuldade de acesso a cuidados de saúde adequados refletem os desafios enfrentados pelas comunidades ribeirinhas da Amazônia em meio às condições climáticas extremas. A falta de recursos e infraestrutura adequada contribui para a vulnerabilidade dessas populações diante de eventos climáticos cada vez mais frequentes e intensos na região.
Antônio foi enterrado em seu local de origem, conforme seu desejo, em um dos cemitérios em terra firme no lago Carapanatuba. Sua história e a luta de sua família são um retrato das dificuldades enfrentadas pelos habitantes da Amazônia diante das mudanças climáticas e da degradação ambiental.
Enquanto as comunidades ribeirinhas aguardam ansiosamente o retorno dos níveis do rio Madeira, a tragédia de Antônio serve como um lembrete da urgência de medidas eficazes para garantir a segurança e o bem-estar dessas populações em meio ao cenário de incertezas e desafios impostos pela crise climática na Amazônia.