Acordo de R$170 bi por tragédia em Mariana desagrada famílias das vítimas e prefeitos da região do rio Doce

Na última sexta-feira (25), foi assinado em Brasília um acordo de repactuação referente à tragédia de Mariana, em Minas Gerais, que ocorreu em 2015, causando danos irreparáveis na região da bacia do rio Doce. O acordo prevê que as mineradoras responsáveis paguem um total de R$ 170 bilhões, sendo R$ 100 bilhões destinados a municípios, estados, famílias e organizações atingidas, ao longo de 20 anos. Outros R$ 32 bilhões são referentes a obrigações pendentes da Samarco, como a retirada de rejeitos do rio Doce e indenizações a pessoas afetadas. Os restantes R$ 38 bilhões englobam os investimentos já realizados pela Fundação Renova, que será extinta com o acordo.

No entanto, a reação dos familiares das vítimas e dos prefeitos da região afetada foi de descontentamento, considerando o valor do acordo como insuficiente diante dos estragos causados. José Roberto Gariff Guimarães, prefeito de São José do Goiabal (MG), expressou sua decepção com o montante, afirmando que precisam analisar com mais profundidade o texto do acordo.

Por outro lado, o Movimento dos Atingidos por Barragens, que representa alguns familiares das vítimas, reconheceu avanços no acordo, embora enfatize que ainda há insuficiências a serem consideradas. A entidade ressaltou a importância da luta popular na obtenção de uma proposta superior à anteriormente apresentada em 2022.

O acordo, que começou a ser negociado em 2021 durante o governo de Jair Bolsonaro e foi finalizado na gestão de Lula, teve um entrave em 2022 devido a discordâncias entre as mineradoras e os governos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, interrompendo as negociações na época. A ação movida na Corte Britânica por familiares das vítimas, que está em curso e deve se estender até 2025, visa definir as responsabilidades da empresa BHP Billiton e da Vale, sócias da Samarco, na tragédia de Mariana e determinar indenizações justas.

Para o escritório londrino Pogust Goodhead, responsável pelo processo na Inglaterra, o acordo assinado revela uma reação das mineradoras após nove anos de negligência, porém, os valores acordados estão aquém dos prejuízos sofridos pelas vítimas. Assim, a luta por justiça e reparações integrais continua, sem duplicidade de indenizações e com o objetivo de buscar ressarcimentos que não estão contemplados no acordo nacional.

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