Retrofit no Centro de São Paulo: Preservação do Patrimônio Histórico ou Valorização Imobiliária?

A prática do retrofit tem se destacado como uma importante forma de preservar o patrimônio histórico e revitalizar prédios antigos, principalmente no centro de São Paulo. Este processo consiste em uma reforma estrutural que mantém a fachada original do edifício, atraindo não só investidores, mas também a atenção de construtoras e incorporadoras.

No projeto “Requalifica Centro”, desenvolvido pela Prefeitura, são oferecidos incentivos fiscais e apoio financeiro para obras de retrofit na região. Empresas como Planta.Inc, Metaforma e Somauma têm sido bastante atuantes nesse processo, buscando imóveis vazios nos bairros centrais de São Paulo, como República, Vila Buarque, Anhangabaú e Campos Elíseos, para restaurá-los e destiná-los para uso comercial ou habitacional.

Atualmente, estima-se que aproximadamente 20 projetos de retrofit estão em andamento ou planejamento na região central, incluindo empreendimentos de alto padrão, como o Edifício Virgínia, onde apartamentos de um quarto chegam a custar R$ 829 mil. No entanto, o foco em projetos de interesse social ainda é limitado, com a maioria das obras voltadas para o mercado imobiliário.

A subvenção de R$ 1 bilhão anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes para projetos privados de retrofit tem levantado questionamentos sobre a falta de moradias acessíveis para a população de baixa renda. A pesquisadora Laisa Stroher ressalta que os benefícios para as incorporadoras não têm contribuído significativamente para a redução do déficit habitacional na região.

Embora seja prevista a destinação de 60% das unidades produzidas pelo programa para a população menos favorecida, observa-se que poucos projetos realmente contemplam esse público. A transformação do antigo hotel Lord Palace em moradia popular, assim como o retrofit do edifício Prestes Maia em parceria com a FLM, são exemplos que apontam para a possibilidade de oferecer mais habitação acessível no centro de São Paulo.

No entanto, a falta de projetos sociais de retrofit em ocupações ainda é uma realidade, embora alguns empreendimentos, como o antigo hotel Colúmbia e o edifício Maria Quitéria, já estejam habilitados para receber investimentos. A expectativa é que, com o avanço dessas iniciativas, mais famílias de baixa renda possam ser beneficiadas com moradias dignas no coração da cidade.

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