Aumenta em 83% o número de pessoas negras mortas pela polícia em São Paulo, aponta levantamento do Instituto Sou da Paz.

A taxa de pessoas negras mortas pelas polícias Civil e Militar de São Paulo teve um aumento de 83% de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Já a taxa de brancos também teve um aumento, porém em uma proporção menor, de 59%.

De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz com base em dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas, a taxa de mortalidade pela polícia estadual aumentou significativamente. Nos primeiros oito meses deste ano, 441 pessoas foram mortas no estado pelos agentes da força policial em serviço, em comparação com 247 no ano anterior no mesmo período, o que representa um aumento de 78%.

Dos 441 mortos, 283 foram identificados como negros (pardos e pretos), enquanto 138 foram identificados como brancos. Outras 20 vítimas tiveram raça ou cor não identificadas no momento da elaboração do documento oficial da polícia. A cidade de São Paulo e a região de Santos, na Baixada Santista, foram as que registraram um maior número de mortes por policiais em serviço.

Segundo o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha, o aumento da letalidade policial revela um viés racial alarmante, onde a população negra é a mais impactada. Rocha também apontou que a letalidade policial está mais concentrada nas periferias e regiões metropolitanas, o que mostra uma ação mais intensa da polícia nessas áreas.

A diretora-executiva do Sou da Paz, Carolina Ricardo, relacionou o crescimento da letalidade policial ao esvaziamento do programa de controle do uso da força pela Polícia Militar. Carolina destacou que, apesar do investimento em profissionalização do uso da força nos anos anteriores, houve um retrocesso no combate à violência policial.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que as mortes resultam da reação dos suspeitos à ação policial e que todos os casos são rigorosamente investigados. A pasta também destacou que há investimentos contínuos na capacitação do efetivo policial e na aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo, além de políticas públicas voltadas para a redução da letalidade policial.

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