Caso a proposta seja aceita, a fábrica vai parar uma parte da produção a cada três meses, durante um ano. Serão quatro grupos de 402 trabalhadores afastados em cada período, totalizando 1.408 operários envolvidos. Por outro lado, se a proposta não for aceita, haverá demissões.
O lay off é a suspensão temporária do contrato de trabalho, mas a empresa está negociando um conjunto de benefícios para os trabalhadores afetados. Entre esses benefícios estão o pagamento de meio salário durante o afastamento, continuidade dos convênios médico e de farmácia, vale compras de R$ 1.250 por mês, pagamentos integrais de PLR, 13° e 14° salários e férias, além de estabilidade no emprego de três meses após o retorno e cursos no Senai para todos os envolvidos.
Segundo Márcio Ferreira, presidente do Sintrabor, a política nacional para o setor da borracha tem prejudicado as indústrias do ramo. Ele prevê que essa crise pode se repetir com outras empresas, como a Prometeon (antiga Pirelli), também em Santo André. Com o governo Bolsonaro, o imposto pago pelos pneus importados foi zerado, o que prejudicou a produção nacional. Embora o tributo tenha voltado a 16% este ano, o dano nos preços permanece e a queda do dólar ainda favorece a importação.
Ferreira afirma que a Bridgestone fez a proposta de lay off para evitar demissões e que essa pode ser a única saída para manter os empregos. O Sintrabor está preparando uma série de documentos e já pediu uma audiência com o vice-presidente Geraldo Alckmin para tentar reverter a atual situação do setor da borracha.
Essa não é a primeira crise enfrentada pela Bridgestone este ano. Em maio, a empresa anunciou o encerramento da produção de pneus para veículos de passeio na unidade de Santo André e a transferência para sua unidade na Bahia, resultando em cerca de 600 demissões. Porém, após negociações, foram cortados 481 postos de trabalho.
O Sintrabor alerta para a sequência de crises enfrentadas pela empresa e planeja dialogar com a Bridgestone em busca de uma estabilidade maior para os trabalhadores. A empresa teve um problema de TI e nem todas as homologações do acordo anterior foram finalizadas até agora.