Negociações para financiamento climático na COP29 geram impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, com Brasil na disputa.

A COP29, conferência global sobre o clima realizada pela ONU neste ano no Azerbaijão, está prestes a acontecer em meio a um impasse entre os países em desenvolvimento e as nações ricas em relação aos compromissos de financiamento climático. O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, e Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, afirmam que os países ricos sugerem aumentar o número de doadores, incluindo países emergentes como o Brasil, na nova meta de financiamento, o que é rejeitado pelo governo brasileiro.

Durante uma apresentação à imprensa nesta quinta-feira, Corrêa do Lago e Toni destacaram que o tema do financiamento é um dos principais obstáculos nas negociações prévias à COP29, que terá início em 11 de novembro em Baku. O principal objetivo da conferência é discutir um novo modelo de financiamento climático que substitua a promessa de US$ 100 bilhões anuais feita na COP21 em Paris, com validade entre 2020 e 2025.

Os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, afirmam que a promessa feita pelas nações industrializadas não foi cumprida. Diversos pontos estão em discussão, como o valor total do novo comprometimento, a metodologia de contabilização do aporte para o clima, o período que valeria para o novo fundo, a destinação dos recursos e a base de doadores.

Corrêa do Lago criticou a tentativa dos países desenvolvidos de aumentar a base de doadores, enfatizando a importância da transparência no financiamento climático. Ele também ressaltou a urgência climática e pediu que os países desenvolvidos demonstrem a mesma convicção nas negociações sobre as metas climáticas dos países.

Ana Toni destacou a resistência dos países ricos em transformar contribuições voluntárias em obrigatórias, considerando a posição inaceitável. Apesar dos desafios em relação ao financiamento climático, os negociadores se mostraram otimistas em relação à regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que estabelece as regras para um mercado global de carbono. O governo brasileiro demonstra estar confiante em possíveis avanços nesse aspecto.

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