Falta de planejamento e modelo de privatização falido causam demora na restauração da energia elétrica em São Paulo

Após a ocorrência de um apagão na última sexta-feira (11), parte da capital paulista ainda permanece sem energia elétrica nesta quarta-feira (16). Especialistas ouvidos pela imprensa apontam a falência do modelo de privatização do setor de distribuição elétrica no Brasil como um dos principais motivos para a demora na resolução do problema.

De acordo com o engenheiro eletricista Ikaro Chaves, a qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica em São Paulo reflete a falência do modelo do setor elétrico brasileiro, baseado na privatização e na regulação estatal. Chaves destaca que o modelo monopolista do setor dificulta a atuação efetiva da concorrência para beneficiar o consumidor.

Além disso, a regulação do setor, realizada por uma agência reguladora que deveria defender o interesse público, tem se mostrado falha. Isso porque, segundo Chaves, a concessionária de energia busca aumentar sua margem de lucro através da redução de despesas, o que muitas vezes resulta na precarização do trabalho e na falta de investimentos em manutenção preventiva.

O Sindicato dos Eletricitários de São Paulo aponta que nos últimos seis meses a concessionária Enel demitiu 227 funcionários da área de manutenção, o que contribui para a demora na restauração da energia elétrica na capital paulista. O professor José Aquiles Baesso Grimoni, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, enfatiza que a falta de coordenação entre a concessionária e a prefeitura também é um fator determinante para a demora na solução do problema.

Grimoni sugere que uma solução para os problemas recorrentes de queda de energia em São Paulo seria o enterramento da rede elétrica. No entanto, ele ressalta que essa mudança requer investimentos conjuntos do governo federal, estadual e municipal, visto que a distribuidora de energia provavelmente repassaria os custos para os consumidores. O professor destaca que o principal obstáculo para essa solução é de ordem política e econômica, uma vez que o enterramento da rede não traz visibilidade política imediata.

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