Repressão iraniana aumenta após um ano da morte de Mahsa Amini, desencadeando crise de legitimidade no regime

No último dia 16, a República Islâmica do Irã comemorou o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana que foi presa e torturada por não usar o véu islâmico. Sua morte desencadeou um enorme movimento de protesto, que resultou na morte de mais de 500 pessoas, incluindo várias mulheres. Para evitar novas explosões de protestos, o regime iraniano prendeu muitas pessoas e aumentou a repressão contra a classe média.

O regime iraniano está passando por uma crise de legitimação e demonstra sua insegurança reprimindo os manifestantes de forma tão intensa. Rana Rahimpour, uma jornalista que trabalhou como correspondente da BBC em Teerã por 15 anos, acredita que a República Islâmica está insegura sobre o futuro que terá a médio prazo.

O poder no Irã pertence ao líder espiritual Ali Khamenei, que substituiu o aiatolá Khomeini em 1989. Com 84 anos, Khamenei é responsável por todas as decisões importantes no país. Uma dessas decisões é a construção de uma bomba nuclear, um projeto em andamento que vai contra as resoluções da ONU. O Irã já possui urânio enriquecido suficiente para criar explosões nucleares, mas essa medida serve como uma forma de dissuasão contra invasões estrangeiras, não contra protestos sociais.

A revista Foreign Affairs analisa a relação do Irã com Rússia e China, que tem dado um novo fôlego militar e econômico à teocracia iraniana. Desde a revolução liderada por Khomeini em 1979, os EUA se tornaram inimigos do regime iraniano. Nos anos 1990 e 2000, o Irã tentou atrair investidores europeus para seu setor de petróleo, mas afastou potenciais parceiros por causa das tensões com os EUA. Além disso, o país se envolveu em conflitos com vizinhos muçulmanos, como Líbano e Iraque.

No entanto, o Irã de hoje ganhou mais influência no cenário internacional devido a três fatores. A China se tornou uma potência tecnológica e pode se aproximar de Teerã sem depender da cooperação dos EUA. A Rússia, em meio à crise na Ucrânia, encontrou no Irã um aliado. E o próprio isolamento econômico e diplomático dos iranianos diminuiu, enquanto Washington perdeu parte do seu poder relativo.

Assim, a Rússia, com sua indústria bélica, pode fornecer armas ao Irã, que está em busca de recursos militares, enquanto a China, com suas reservas cambiais, tem dinheiro suficiente para investir no setor petrolífero iraniano. Essa parceria entre Irã, Rússia e China tem dado à teocracia iraniana um novo impulso tanto militar quanto econômico. A situação atual revela o desafio que o regime iraniano enfrenta em manter seu controle sobre o país enquanto lida com as pressões internas e externas.

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